A arte exerce um papel de radar à medida que tecnologias surgem e criam ambientes novos. Por isso, o poeta americano, Ezra Pound, chamou o artista de “antenas da raça”. O poder das artes de antecipar, de uma ou mais gerações, os futuros desenvolvimentos sociais e técnicos já é reconhecido. Dentro dessa linha, Matrix, o famoso e recente filme de Larry e Andy Wachowski, promove a reflexão sobre o advento da inteligência artificial.
Na abordagem da atividade portuária, as manifestações artísticas acentuam as percepções, dentre outros aspectos, das tecnologias e suas conseqüências psicológicas e sociais. Casos como o desemprego pela automação e o futuro do trabalho como meio de ‘ganhar a vida’ na era da tecnologia são questões que a arte ajuda, com antecedência, a enxergar e propor solução. Desse modo, as transições de modelo podem ocorrer com o mínimo de trauma.
A transformação tecnológica no comércio marítimo tem sido ampla e intensa. Mas, muito pálido tem sido o movimento artístico relacionado com a vida do Porto de Santos. Talvez o que melhor ocorreu de arte-radar nos tempos recentes, foi em 2002 com a peça teatral “Uma lição dura demais”, de Neide Veneziano e Perito Monteiro, abordando os riscos do trabalho no cais e a mostra de arte moderna Moda no Porto. Há muito o que se debater. Por exemplo, é necessário buscar o entendimento entre cultura e tecnologia, entre arte e comércio, entre trabalho e lazer.
O saite Portogente está nessa campanha e já criou a Seção Espaço Montmatre, para promover a arte, através de textos e fotos. Para o ano de 2004 já está programada a exposição de fotos Revolução de 64 no Porto. Em data a ser definida, também irá realizar o concurso nacional e varal de poesias Porto-Cidade. Quem tiver fotos dessa época de triste memória fale conosco, a fim de que se possa providenciar a cópia digital delas.
Que o Ano que se inicia seja pleno de realizações para um mundo melhor!
José Antonio Marques Almeida (JAMA) é engenheiro civil, pós-graduado em administração portuária e publisher do Portogente.