Retrato fiel do jogo de interesses e da ausência de comprometimento com o País, a nomeação de diretores para a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) respeita apenas uma regra: a indicação forçada de políticos influentes na estatal. Não que o cenário seja muito diferente nas demais Docas, mas no Rio a falta de compromisso com o negócio público tem sido mais grave. O já conhecido aparelhamento sem critério nos cargos da Companhia resulta em ineficiência na fiscalização e em grande desconfiança do mercado. Os diretores nomeados ficam pouco tempo nos cargos em comparação às outras Docas, o que é um feito de assustar. A CDRJ é um grande feudo do PMDB, abrigando parceiros de nomes como Eduardo Cunha e Leonardo Picciani, e atualmente da deputada Soraya Santos, que herdou o poder do ex-deputado e, vejam só, seu marido Alexandre Santos. Diante de tal cenário, sobra bajulação e falta trabalho na administração dos portos do Rio. Outros cargos de confiança são leiloados sem qualquer critério, como os de gerência e de chefe de gabinete. Essa é a triste realidade de uma importante empresa pública brasileira. As declarações oficiais sobre aperfeiçoamento da gestão dessas companhias somente caem, cada vez mais, em um profundo descrédito.
Gestão desgovernada - Um dos convidados a participar do WebSummit Portogente 2017, o doutor em Engenharia Naval e Oceânica e especialista em Gestão Portuária Sérgio Sampaio Cutrim ganhou os holofotes na última semana com a publicação da pesquisa "Planejamento e Governança Portuária no Brasil", fruto de seu doutorado na Escola Politécnica da USP. No estudo, ele constatou que o sistema portuário brasileiro causa prejuízos de cerca de R$ 4,3 bilhões por ano ao País e que esse desperdício é ocasionado, sobretudo, pelas multas pagas referentes à demurrage dos navios aguardando a operação de embarque ou desembarque nos portos, pela demora na liberação das cargas das alfândegas, por custos logísticos desnecessários e pela falta de infraestrutura do sistema portuário brasileiro. Ou seja, com toda licença a Cutrim, podemos resumir as causas em: total desorganização. Um dos fatores responsáveis é facilmente identificado na nota acima, que abordou a falta de compromisso na indicação de funcionários de alto escalão nas companhias docas do Brasil. Para melhorar o atual panorama, Cutrim sugere que as instituições portuárias públicas funcionem administrativamente do mesmo modo que empresas privadas no País, ou seja, com técnicas de gestão do setor privado, porém preservando o interesse público.
Garimpando na web - A Vale, maior produtora mundial de minério de ferro e níquel, utiliza o seu canal no YouTube para publicar vasto material abordando as ações da empresa voltadas à conservação ambiental e à responsabilidade social. Devido à atividade de natureza poluidora, a gigante da mineração se preocupa em contar histórias de funcionários e de pessoas que convivem com as atividades da companhia em seu dia a dia. Na última semana, a Vale encerrou um ciclo publicando o seu último documentário da série "Carajás 50 anos", sobre a descoberta e o início da produção mineral na profícua região do Pará. A mina de Carajás ajudou a conservar parte da mata nativa do Sudeste do Pará e, ao mesmo tempo, impulsionou o desenvolvimento econômico e social da região, segundo o documentário da Vale.
Feliz encontro - Pernambuco irá receber juristas, autoridades, pesquisadores, transportadores, jornalistas e estudantes para o VI Congresso de Direito Marítimo, Portuário e Aduaneiro nos dias 26 e 27 de outubro. O Portogente estará presente ao evento e registrará todas as informações relevantes debatidas ao longo das atividades. Considerado o principal Congresso anual sobre o tema realizado no Brasil, o principal objetivo desta edição é contribuir com os debates para a redução de riscos nas atividades de transporte marítimo e no comércio exterior de forma geral. Simultaneamente, será promovido o 1º Simpósio de Direito Marítimo, Portuário e do Petróleo, organizado pela seção de Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O evento será sediado na Reserva do Paiva, em Cabo de Santo Agostinho, cidade vizinha à capital Recife.
No controle - Os requisitos para se tornar um Operador Econômico Autorizado (OEA) são muitos e as vantagens de aderir ao programa variam de acordo com as atividades da empresa. No setor portuário, por exemplo, a Portonave (Navegantes/SC), o Porto Itapoá (Itapoá/SC) e a Embraport (Santos/SP) foram os primeiros terminais a obter a certificação. Diante desse cenário, toda informação é importante. Assim, Portogente publicou nesta semana artigo de Alexandro Alves Ferreira, especialista em Direito Tributário, Logística e Negócios Internacionais, indicando que um programa dessa envergadura contribui e eleva o valor de empresas em eventuais processos de aquisição ou fusão, além de garantir sintonia com as principais tendências de comércio. O programa de OEA estabelece critérios mínimos e necessários para que a operação das empresas sejam seguras, orientando a implementação de uma governança corporativa. De acordo com Ferreira, o programa só não alcançará ou interessará à companhia se ela não tiver absolutamente nenhuma gestão sobre sua operação. "Se a empresa mantém políticas de backup e confidencialidade de suas informações, se somente pessoas autorizadas podem acessar seus armazéns para manusear suas mercadorias, se você seleciona seus parceiros comerciais, se capacita seus funcionários e está conforme em relação a suas obrigações tributárias e acessórias, é forçoso entender que sua empresa atua em um certo nível de gestão, de controle, e por isso, já está em muito, caminhando para atender os requisitos do programa".