Em entrevista concedida por telefone ao Portogente, o deputado federal Felipe Rigoni (PSB-ES), eleito com 84.405 votos aos 27 anos e na primeira vez que concorreu ao cargo (perdeu o pleito de 2016 para vereador em Linhares, sua cidade natal), impressionou a reportagem pelos sólidos conhecimentos que detém sobre infraestrutura e logística. Engenheiro de Produção graduado na Universidade Federal de Ouro Preto e mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Oxford, ele chama atenção por ter sido o primeiro deputado federal cego eleito no Brasil. As principais bandeiras de seu mandato para aperfeiçoar a eficiência do transporte de cargas no País são a atração de investimentos privados e o bom uso dos investimentos públicos para a execução de obras de infraestrutura, no intuito de "gerar empregos e fazer a economia avançar".
Rigoni aparece sorrindo na frente da Câmara - Foto: Facebook/Felipe Rigoni
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Embora a deficiência visual do deputado não seja o tema central desta publicação, foi impossível não abordar brevemente o assunto. Afinal, o parlamentar garante visibilidade à inclusão dos cegos na sociedade e não foge da responsabilidade de seu pioneirismo no Congresso Nacional. Ele perdeu totalmente a visão aos 15 anos e relatou que, desde então, estudou muito e buscou profundidade técnica nos temas afeitos à sua formação para superar as adversidades impostas pela limitação física. "Fui muito bem recebido pelos meus pares. Tenho recebido muito espaço, inclusive na mídia, e creio estar preparado para colaborar com a gestão pública".
Questionado sobre a política de concessão de ativos de infraestrutura à iniciativa privada defendida pelo governo Jair Bolsonaro (PSL), Rigoni disse ser favorável ao leilão de aeroportos brasileiros, como o de Vitória, capital do estado que representa, arrematado no último dia 15 de março, em bloco composto com o Aeroporto de Macaé (RJ), por R$ 437 milhões. O vencedor da concorrência foi a Zurich Airport Latin America, operadora do Aeroporto de Florianópolis (SC) e membro do Consórcio BH Airport, que administra o Aeroporto de Confins (MG). No entanto, em relação à possibilidade de privatização da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), avaliada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), alegou não ter opinião definida e não saber, no momento, qual seria o modelo ideal de administração. "A Codesa tem déficit financeiro e problemas com pagamentos de pessoal. O princípio que defendo é que seja mais eficiente".
Ainda sobre o setor portuário, afirmou estar animado com a previsão de expansão do Portocel, em Aracruz, e com o desenvolvimento do Porto Central, em Presidente Kennedy, localizado no sul do território capixaba. Na avaliação do parlamentar, o grande desafio para aumentar a eficiência da movimentação de cargas no estado é aumentar a conectividade entre os diversos modais de transporte. A ordem de serviço para as obras de pavimentação da BR-447, assinada pelo Ministério da Infraestrutura em fevereiro de 2019, é motivo de confiança para Rigoni, já que facilitará o acesso ao Porto de Capuaba e reduzirá o impacto urbano do tráfego de veículos pesados.
O deputado ressaltou, ainda, que apoia a renovação antecipada da outorga da Estrada de Ferro Vitória-Minas à Vale e o aperfeiçoamento das regras do direito de passagem no acordo, já que, segundo ele, originalmente não foram bem escritas e permitem que a empresa coloque barreiras ao uso do trecho por outras concessionárias. "O que mais, nós deputados, podemos fazer pelo Brasil é desburocratizar os processos de carga. A carga demora muito a ser liberada", concluiu Rigoni defensor convicto do desenvolvimento socioeconômico por meio de igualdade de oportunidades e gestão pública feita de modo eficiente e inovador.
Observação do Blog: clique nos links grafados em vermelho ao longo do texto para obter mais informações sobre as obras, concessões e projetos citados pelo deputado Felipe Rigoni.