Aumentar a eficiência do transporte de cargas até os portos do Arco Norte e reforçar a competitividade das operações nestes terminais são fatores imprescindíveis para reduzir o custo das exportações brasileiras. O Portogente aborda esta questão há, pelo menos, cinco anos (confira links ao longo deste texto) e reforça a todo o universo portuário-logístico a necessidade de desafogar a movimentação de grãos em portos como Paranaguá (PR), Santos (SP) e Vitória (ES). Afinal, a Associação Nacional de Exportadores de Cereais estima que o produtor brasileiro de soja, por exemplo, gasta com o transporte de sua mercadoria da fazenda ao porto quatro vezes aquilo que despende seu concorrente argentino ou norte-americano. "Isso torna os nossos grãos mais caros na chegada à China, apesar do menor custo de produção, e reflete diretamente em perda de capitalização do agrobusiness nacional", destacou, em entrevista exclusiva, o advogado e árbitro especializado em transporte marítimo, Larry John Rabb Carvalho.
Equipes de apoio do Poder Público na BR-163 - Foto: www.br163pa.com
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No início do mandato de Jair Bolsonaro (PSL), o Ministério da Infraestrutura já anunciou como uma das prioridades da pasta garantir um escoamento mais ágil e seguro das commodities entre a região Centro-Oeste e os portos do Arco Norte pela BR-163. O transporte terrestre por essa rodovia, entretanto, é prejudicado pelos obstáculos proporcionados por mais de 1.200km de trechos com pavimentação precária. A eficiência da logística brasileira tropeça, portanto, em questões primárias para oferecer maior competitividade a quem produz, opera e negocia nossas mercadorias, assim como acarreta em maiores despesas para o consumidor final.
Confira a seguir a entrevista com Larry Carvalho, um dos sócios da Promare, consultoria multidisciplinar sediada no Ceará e que vem realizando investimentos com o objetivo de fomentar a movimentação nos portos do Arco Norte.
Portogente - Quais os principais gargalos logísticos que o Brasil precisa superar para aumentar a produtividade e consolidar seu papel como grande player no cenário internacional? Ultimamente muito tem se falado na necessidade de investimentos entre os locais de produção e os portos do Arco Norte. Que papel os portos localizados nas regiões Norte e Nordeste tem desempenhado?
Larry John Rabb Carvalho - As zonas produtivas das commodities agrícolas brasileiras estão em sua grande parte muitíssimo afastadas dos portos em que ocorrem o escoamento da safra, principalmente a região do Centro-Oeste. Por esse motivo, é preciso realizar viagens extensas e demoradas para que a cadeia se interligue. Além do desafio geográfico, temos também a precariedade da infraestrutura de transportes que hoje está à disposição dos agentes nesse mercado. As zonas produtivas do agronegócio dependem quase que exclusivamente do transporte rodoviário. Modal esse que é conhecido por ser um dos mais poluentes, além de seu alto custo, especialmente após o tabelamento de frete imposto pelo governo brasileiro. O custo que o produtor tem de arcar com a deficiência logística brasileira se reflete diretamente em perda de capitalização.
Advogado Larry Carvalho - Foto: VP Comunicação e Promare Consultoria
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A mudança na logística de grãos e a utilização dos portos do Arco Norte é urgente, visto que a produção do Centro-Oeste deve continuar crescendo nos próximos anos. Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), estima-se que a produção de soja deve crescer 17 milhões de toneladas, no Estado do Mato Grosso, até a safra 2021/22, enquanto a de milho deve crescer em torno de 15 milhões de toneladas. Os portos do Sul do País, por sua vez, permanecem saturados pela enorme demanda de carga, o que se traduz em aumento do tempo nas operações portuárias, ineficiência, risco de descumprimento de contratos e aumento de custos, principalmente com demurrage.
Ainda existe um enorme desequilíbrio em nossa logística. Todavia, é auspicioso perceber que ele já começou a ser superado. Há apenas cinco anos, a fração escoada pelos portos do Arco Norte era de 8%, e agora já chega a 20%. Os dados, não surpreendentemente, mostram que, em comparação com 2010, o Arco Norte cresceu 356% até 2017.
Com forte impulso dos interesses da China, começa a sair do papel no Brasil uma série de projetos de transportes e portos que deverão encurtar a rota entre a produção agrícola e os portos, além de reduzir os preços de frete. No Norte-Nordeste já existem diversos empreendimentos portuários sendo construídos com capital preponderantemente chinês, visando conferir maior capilaridade para o escoamento das safras do agrobusiness. É necessário destacar que durante o ano de 2018 a Associação de Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso (Aprosoja) juntamente com os representantes do Canal do Panamá assinaram memorando de entendimento para discutir maneiras de reduzir a jornada de transporte de carga para a China em até quatro dias. Será um novo ciclo do Arco Norte, tendo como destaque o novo Canal do Panamá como logística aos mercados do Leste Asiático ou da Costa Oeste americana.
Portogente - Quais os principais gargalos logísticos que o Brasil precisa superar para aumentar a produtividade dos portos localizados nas regiões Norte e Nordeste?
Larry Carvalho - A Câmara dos Deputados, pelo seu Centro de Estudos e Debates Estratégicos, realizou um denso estudo sobre o Arco Norte. Nele foram identificadas quatro causas como sendo os maiores gargalos do Arco Norte, todas elas advindas daquilo que a Câmara classifica como "crise do administrativismo brasileiro". São elas: modelo fragmentado de gestão de transportes, descoordenação das ações dos órgãos públicos, falta de fontes de financiamento e instabilidade regulatória do setor.
Entre os investimentos necessários, o referido estudo cita como prioritários investimentos no sistema Ferrovia Norte-Sul – Itaqui (EF-151 SP/MG/GO/TO); o sistema Ferrogrão-Tapajós (EF-170 MT/PA-Tapajós) - corredores de transporte que alimentam o polo portuário de Belém. Além de melhorias de sinalização, dragagem e derrocagem nas hidrovias da região. O estudo, inclusive, cita que uma maior extensão hidroviária poderia escoar a soja e o milho de Lucas do Rio Verde (MT) para Santarém (PA) com redução de 33,3% no custo por tonelada-quilômetro.
Portogente - Como a Promare avalia o potencial do Arco Norte? O que a empresa tem feito para auxiliar o universo logístico-portuário a oferecer melhores condições para os usuários destes portos?
Larry Carvalho - Acreditamos no potencial do Arco Norte e que ele será fundamental para o desenvolvimento do agrobusiness no Brasil. Todavia, para que o Arco Norte deslanche e continue se tornando mais e mais atraente, será necessário o aperfeiçoamento de diversas vias de transporte que levam aos portos pelos diferentes modais – rodoviário, ferroviário e aquaviário. O desenvolvimento do Arco Norte favorecerá ao aumento da produtividade do agrobusiness, que, deixando de arcar com os custo referentes à ineficiência logística, terá capital para investir em novas tecnologias agrícolas. De toda forma, o atualmente projetado aumento das safras de milho e soja já torna imprescindível o desenvolvimento da logística do Arco Norte, sob pena do estrangulamento da capacidade de escoamento da safra projetada.
Nós da Promare acreditamos no comércio marítimo. Há 20 anos defendemos a mentalidade marítima e comercial e garantimos aos nossos clientes transações comerciais mais juridicamente seguras e menos burocráticas. Quando navios levam e trazem mercadorias, aproximam pessoas de diferentes países, etnias, culturas, religiões e sistemas jurídicos, estreitando laços que tornam o mundo mais pacífico e próspero. No passado, os grandes desafios eram as tormentas; hoje, o comércio marítimo é atormentado por normas e regulações por vezes incompreensíveis, editadas por países distintos sem o menor resquício de uniformidade, desconsiderando as minúcias dos negócios e do comércio. A instabilidade regulatória do setor é algo que gera enorme insegurança e com isso os custos. Nos últimos anos temos defendido arduamente a logística do Arco Norte e os players que o utilizam. Inclusive, além de nossa matriz em Fortaleza, abrimos filiais em Belém, São Luís e Salvador, considerados pontos estrátegicos para o atendimento aos portos da região do Arco Norte.
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