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O planejamento e eficiência logística, fundamentais para reduzir parte do custo Brasil, exigem conhecimento detalhado das regiões de origem e destino das cargas. No caso das nossas principais commodities agrícolas estes pontos se concentram nas lavouras e nos portos. Conhecer os caminhos percorridos entre estes dois pontos sempre mexeu com o imaginário de muitos atores do setor agrícola, logístico e membros do executivo, seja nas esferas federal, estaduais ou municipais. Para aprofundar este conhecimento, órgãos públicos e privados se debruçaram sobre o conceito de corredores logísticos, buscando compreender as principais rotas e modais que dão vazão e escoam estas cargas.

Vazar? Escoar? Estamos falando de cargas granéis agrícolas! Por que utilizar conceitos da Geografia, Geologia e Mecânica dos Fluidos para explicar a logística agropecuária?


Esta foi a questão central para elaboração do novo método para reduzir nossos gargalos logísticos. Fundamentada sob a ótica da Inteligência Territorial Estratégica (ITE), um novo player se aventurou em apoiar o Estado brasileiro e o setor agropecuário no enfrentamento de sua perda de competitividade no cenário internacional. A Embrapa Territorial lançou em 2018, sob demanda do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Sistema da Macrologística Agropecuária Brasileira, disponível e aberto ao público na página: https://www.embrapa.br/macrologistica.

A principal revolução abarcada na proposta foi a introdução do recorte territorial de “Bacias Logísticas”. Ele se baseia em um conceito equivalente ao das bacias hidrográficas para compreender como a produção de milhões de toneladas de grãos escoa das propriedades rurais, passando por pequenos ramais, estradas de terra, vicinais, rodovias, ferrovias e/ou hidrovias até portos de transbordo ou exportação. Com esta inédita delimitação do Brasil, o SITE-MLog agrega os municípios produtores em territórios onde preferencialmente suas cargas se dirigem para o mesmo porto de destino (Figura 1). Com isso, ao invés de se tratar de corredores logísticos (vetores ou linhas), foram obtidos territórios (polígonos) passível de inúmeras análises circunstanciadas não só no quadro de infraestrutura, mas também nos quadros ambiental, agrário, agrícola e socioeconômico no espaço-tempo. Em 2021, fruto de um projeto financiado pela Embrapa, estas bacias serão atualizadas para grãos e serão expandidas para outros produtos agropecuários.

Delimitação das bacias logísticas do escoamento da produção de soja e milho

 Figura 1. Delimitação das bacias logísticas do escoamento da produção de soja e milho. Fonte: Castro et al. (2017).

Os limites destas bacias são ajustáveis no tempo, devido à dinâmica territorial da produção agropecuária ou mudanças nas rotas e modais de transporte. Este mapa busca apoiar ações de fortalecimento e subsídio a intervenções dentro de cada uma das bacias, tornando-as mais competitivas pelo aprimoramento dos modais e pela consequente redução dos custos logísticos. Elas evidenciam ainda busca por cargas pelos portos por meio da expansão de sua bacia logística, gerando uma importante disputa por cada tonelada de grão destinado ao mercado externo.

As bacias logísticas também se tornaram instrumento para equacionar um problema, relacionado ao desbalanço territorial entre as produções agropecuárias e suas respectivas exportações, mais especificamente os principais portos agroexportadores do Brasil. E podemos nos questionar: porque exportamos tanto pelos portos do eixo sul, se a maior parte de nossa produção de soja e milho se dá acima do paralelo 16? Mas este assunto fica para uma outra prosa.

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