Quinta, 28 Novembro 2024

 

 

No livro O Mundo é Plano: uma breve história do século XXI, Thomas L. Friedman relata, com fatos, como o mundo havia derrubado suas fronteiras e quais os fatores contribuíram para isto. Mudança de regimes políticos, o advento da tecnologia e a colaboração entre empresas podem resumir o que está por trás deste mundo globalizado.

A UPS (United Parcel Service), empresa mundialmente conhecida do setor de transporte de encomendas, com sede nos Estados Unidos, ilustra como as empresas mais visionárias estão podendo se aproveitar do contexto formado a partir de uma grande difusão de tecnologias de comunicação e informação.

O papel da UPS, segundo Friedman, deixou de ser de uma transportadora e passou a ser de um elemento que possibilita a sincronia às cadeias de suprimentos, agora globais. Com a utilização das mais variadas tecnologias, esta empresa oferece serviços para empresas como a Toshiba. Não somente no transporte, mas até na assistência técnica de seus computadores.

Para que o usuário de um laptop, por exemplo, possa ter de volta a sua máquina no menor período de tempo possível, a UPS a conserta em seus próprios centros de distribuição, com uma equipe treinada pela própria Toshiba, sem que seja necessário enviar o computador até o início da cadeia. Desta forma, o cliente pode ter sua máquina de volta em menos de três dias, sem que a própria Toshiba necessite ter uma equipe em sua própria estrutura, o que reduz os custos para todos.

Além disso, a empresa gerencia pedidos, estoques, contas a receber, entre outros. Tudo com alta tecnologia, totalmente alinhados com a necessidade de seus clientes, grandes ou pequenos. Isto é, uma empresa de transporte precisa tornar-se agora uma empresa de logística. Por isto, vimos nos últimos anos, no Brasil, uma enxurrada de empresas oferecendo serviços logísticos sob a nomenclatura de operadores logísticos.

Ainda sobre o relato da UPS, o que mais chama atenção é o fato da empresa atuar como o elemento de confiança entre as duas partes que fazem o negócio. Enquanto estamos acostumados a negociar com nossas transportadoras a possibilidade de elas efetuarem a cobrança mediante a entrega e muitas vezes ouvirmos um “não” ou vermos problemas na execução desta tarefa, a empresa citada por Friedman faz este trabalho em uma escala global. Isto é, ao entregar o produto e acompanhar a conferência no outro lado do mundo, o entregador automaticamente efetua a cobrança. Desta forma, nem o exportador perde e nem o importador recebe um produto fora das especificações, sem a necessidade de usar cartas de créditos, comuns em atividades de exportação.

Isto tem um efeito muito positivo: pequenas empresas, que não teriam condições de desenvolver grandes e complexas cadeias de suprimentos, passam a competir em escala global, por existir um prestador de serviços oferecendo algumas atividades que demandariam por custos muito altos caso fossem executadas para pequenos volumes ou que exigiriam um nível de conhecimento fora do alcance de suas equipes.

Assim, se a concorrência entre as empresas de transporte ainda não se tornou globalizada, a de seus clientes provavelmente sim. E desta forma, o que é possível e necessário enxergar é a oportunidade existente para este setor, principalmente, na adoção de tecnologias que permitam a redução de custos dos clientes e o respectivo ganho de competitividade.

Tenho lido sobre questionamentos acerca da necessidade das empresas de transporte tornarem-se operadores logísticos (empresas que fazem o que a UPS faz, além do transporte). A grande questão é: as empresas de transporte comuns terão futuro se não oferecerem um maior valor agregado aos clientes?

Com certeza é necessário ir além do simples de transporte. E hoje a tecnologia nos permite isto e o mercado nos dá as oportunidades. Não há empresa que não queira reduzir seus estoques, agilizar o suprimento e a distribuição, que não necessite de mais informação e confiabilidade. E o setor de transporte pode contribuir muito para isto.

Fonte: logisticadescomplicada

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