Foi um empresário americano, nascido em 1914, na cidade de Maxton, estado americano da Carolina do Norte. É, por muitos historiadores e derivados, chamado de o pai da conteinerização. Em 1956, McLean desenvolveu o contêiner de metal, que substituiu o método de manuseio de mercadorias, o então chamado carga geral, revolucionando o transporte por todo o mundo. Mais tarde, no mesmo ano, fundou a Sea-Land Service, Inc., sendo também um dos pioneiros no negócio de transporte de carga intermodal.
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McLean revolucionou a estrutura dos transportes
Carreira
Com apenas o ensino médio completo, McLean trabalhou em uma usina de gás perto de sua cidade natal e guardou dinheiro até que pudesse adquirir um caminhão usado, pela quantia de 120 dólares. Ele, sua irmã Clara McLean, e seu irmão, Jim McLean, fundaram a McLean Trucking Co, na cidade de Charlotte, Carolina do Norte, transportando barris de tabaco vazios.
A partir desse início, com sua única caminhonete, McLean construiu segunda maior empresa de transportes dos EUA, com 1.770 caminhões e 32 terminais em seu auge. Em 6 de janeiro de 1958, a McLean Trucking se tornou a primeira empresa de transportes no país a ser listada na New York Stock Exchange.
A idéia de transportar caminhões em navios foi posta em prática durante a Segunda Guerra Mundial, e, no início de 1950, McLean decidiu tentar fazê-lo comercialmente. Em 1953, ele estava desenvolvendo planos para realizar caminhões de sua empresa em navios ao longo da costa atlântica dos EUA, da Carolina do Norte para Nova York. Logo, tornou-se evidente que os trailerships, como eram chamados, seriam ineficientes por causa do grande desperdício de espaço de carga potencial a bordo do navio. McLean, então, modificou seu conceito original para carregar apenas os contentores com as peças, não os chassis completos nos navios. Na época, os regulamentos dos Estados Unidos não permitiriam que uma empresa de transportes terrestres possuísse uma linha de navios. Em 1955, McLean vendeu a empresa por USD 25 milhões e comprou a Pan-Atlantic Steamship Company e a Gulf Florida Terminal Company, antes pertencentes a Waterman Steamship Corporation, com a idéia de usar os navios para transportar apenas contêineres. Ainda no mesmo ano, a recém criada McLean Industries adquiriu o capital social integral da Waterman Steamship Corporation.
McLean, então, assegurou um empréstimo bancário de USD 500 milhões e, em janeiro de 1956, comprou dois petroleiros T-2 operantes na Segunda Guerra Mundial, que se converteram ao transporte de contêineres sobre e sob o convés.
Em 26 de abril de 1956, o SS Ideal-X, informalmente chamado de SS Maxton, foi carregado e zarpou do porto de Newark, Nova Jersey, com destino ao Porto de Houston, no Texas, carregando 58 contêineres de 35 pés, juntamente com uma carga regular de tanques de carga líquida.
Em 1956, a maior parte da carga nos navios era carregada e descarregada manualmente pelos estivadores, o que custava cerca de USD 5,86 por tonelada, na época. Usando contêineres, o custo drasticamente abaixava para USD 0,16 por tonelada para carregar um navio. A conteinerização também reduziu muito o tempo para carregar e descarregar os navios. McLean sabia que "Um navio ganha dinheiro apenas quando ela está no mar", e baseava seu negócio nesta eficiência.
Em meados dos anos 1950, os processos de mecanização total passaram a figurar na indústria naval, ao passo de que os operadores tentavam aumentar suas margens de lucro. A mecanização tida em mente, no entanto, foi o maior uso de guindastes, a paletização, as correias transportadoras mecânicas e outras formas de usar mais máquinas para mover cargas soltas. O conceito de McLean, de automatização na movimentação do contêiner, foi um passo gigantesco para a evolução naval.
Em abril de 1957, o primeiro serviço regular de uma navio porta contêineres, o City Gateway, iniciou-se entre Nova York, a Flórida e o Texas. Durante o verão de 1958, a McLean Industries, ainda usando o nome de Pan-Atlantic Steamship Corporation, iniciou também um serviço entre os EUA e San Juan, Porto Rico, com o navio Fairland. O nome foi oficialmente alterado, de Pan-Atlantic Steamship Corporation, para Sea-Land Service, Inc., em Abril de 1960.
As operações de McLean eram extremamente rentáveis em 1961, a filosofia da empresa continuou sendo a de implementação de novas rotas, bem como a compra de navios cada vez maiores.
Em agosto de 1963, McLean abriu uma instalação portuária com 101 hectares de área útil, em Port Elizabeth, New Jersey, para lidar ainda mais com o tráfego de porta contêineres. O desenvolvimento do mercado de contêineres foi lento até os anos 1960. Muitos portos não possuíam os guindastes para levantar os contêineres para dentro e fora dos navios, e uma mudança demorou a chegar a uma indústria rica em tradição. Além disso, os sindicatos resistiram a esta idéia que, segundo os mesmos, ameaçava seu próprio sustento.
Em abril de 1966, a Sea-Land deu início ao serviço entre Nova York (EUA), Rotterdam (Holanda), Bremen (Alemanha) e Grangemouth (Escócia). No ano seguinte, a Sea-Land foi convidada, pelo governo dos Estados Unidos da América, para iniciar um serviço de contêineres no sul do Vietnã. O serviço para o Vietnã produziu 40% da receita da empresa nos anos de 1968/69.
No final de 1968, o serviço comercial de contêineres do Extremo Oriente para os Estados Unidos foi inaugurado. Este serviço foi expandido para Hong Kong e Taiwan, em 1969, e para Cingapura, Tailândia e Filipinas, em 1971.
Para alcançar reduções drásticas em trabalho e tempo de operação em doca, McLean foi extremamente atuante quanto à padronização. Seus esforços para aumentar a eficiência resultaram em projetos de contêineres padronizados, que foram premiados com proteção de patentes. Acreditando que a padronização também foi o caminho para o crescimento global da indústria, McLean escolheu fazer suas patentes disponíveis através da emissão de um contrato de arrendamento de royalties para a ISSO (Organização Internacional de Padronização).
O movimento em direção a uma maior padronização ajudou a ampliar as possibilidades de transporte intermodal. Até o final da década de 1960, a Sea-Land Indústrias tinha 27.000 reboques tipo contêineres, 36 navios e acesso a mais de 30 cidades portuárias. Como as vantagens para o sistema de McLean rapidamente tornaram-se evidentes, os concorrentes também desenvolveram rapidamente suas tecnologias na área. Eles construíram navios maiores, com guindastes de pórtico de maior capacidade, bem como contêineres mais sofisticados. A Sea-Land, então, precisava de dinheiro para se manter competitiva. McLean, então, recorreu para a Reynolds Tobacco Company, uma empresa que foi sua parceira nos tempos de transporte terrestre, a qual concordou, em janeiro de 1969, pagar USD 530 milhões para comprar a Sea-Land. McLean lucrou 160 milhões dólares pessoalmente e passou a ter um assento no conselho da empresa. Para realizar a compra, a Reynolds formou um holding, chamado de RJ Reynolds Industries, Inc., que comprou efetivamente a Sea-Land em Maio de 1969. Naquele mesmo ano, a Sea-Land encomendou cinco das maiores e mais rápidas embarcações porta contêineres do mundo, a classe de navios SL-7.
Sob o controle da Reynolds, os lucros da Sea-Land eram intermitentes. Até o final de 1974, a Reynolds havia investido mais de USD 1 bilhão na construção de terminais imensos em Nova Jersey e em Hong Kong, e adicionando navios à sua frota.
A maior despesa Sea-Land era com o combustível, e, por isso, em 1970, a empresa comprou a American Independent Oil Co., mais conhecida como Aminoil, por USD 56 milhões. O controle da companhia investiu milhões em exploração de petróleo, tentando fazer com que a Aminoil competisse ativamente no mercado de exploração global.
Em 1974, a RJ Reynolds Industries teve o seu melhor ano. Os ganhos aumentaram quase 10 vezes, para USD 145 milhões. Os ganhos de Aminoil também subiram, para USD 86,3 milhões. Mas em 1975, o lucro da Sea-Land caiu drasticamente, junto com o Aminoil.
Cada vez mais frustrado com a cultura conservadora dentro da Reynolds, McLean cedeu a sua cadeira no conselho da Reynolds em 1977 e cortou, completamente, seus laços com a empresa.
Em junho de 1984, a RJ Reynolds Industries, Inc. desmembrou a Sea-Land Corporation para os acionistas, como uma empresa independente, de capital aberto, com a negociação de ações na bolsa de valores de Nova York. A Sea-Land, com esta iniciativa, alcançou as maiores receitas e lucros de sua história de 28 anos. Em setembro de 1986, a Sea-Land Corporation fundiu-se com CSA Acquisition Corp, uma subsidiária da CSX Corporation. Os serviços internacionais da Sea-Land foram vendidos para o grupo A.P Moller, controlador da armadora Maersk Line, em 1999. A companhia passou a chamar-se Maersk Sealand, e, em 2006, tornou-se conhecido apenas como Maersk Line.
Os serviços domésticos da Sea-Land, hoje, operam com o nome de Horizon Lines, que responde por aproximadamente 36% do total de embarques de contêineres marítimos entre os EUA e os mercados continentais do Alasca, Havaí, Porto Rico, e Guam. A empresa está sediada em Charlotte, Carolina do Norte.
Prêmios e morte
A revista Fortune introduziu McLean em seu Hall da Fama dos Negócios em 1982. Em 1995, a revista American Heritage nomeou-o um dos 10 maiores inovadores dos últimos 40 anos. E em 2000, ele foi nomeado Homem do Século pelo Hall da Fama Marítimo Internacional. Em 2000, McLean recebeu um diploma honorário da Academia de Marinha Mercante dos EUA. Além disso, ele é a única pessoa que fundou três empresas que mais tarde foram listadas na New York Stock Exchange (mais dois outras na NASDAQ).
A Trailer Bridge, Inc., que McLean fundou em 1992, premia anualmente o Prêmio Malcom McLean de Espírito Inovador. E, o anual Prêmio McLean reconhece um estudante de graduação que se destaca em diversas áreas do conhecimento na Universidade George Mason.
McLean faleceu em 2001, aos 87 anos de idade, na cidade de Nova York. Na manhã do funeral de McLean, a maioria dos navios porta contêineres ao redor do mundo, não importando a companhia que pertenciam, tocaram, em honra ao pai da conteinerização, suas buzinas na saída dos portos nos quais estavam atracados.