Levava a bordo também uma partida de moedas divisionárias cunhadas pela Casa da Moeda do Chile para o governo da República Oriental do Uruguai e condicionadas em 950 caixas, que seriam desembarcadas na viagem sul em Montevidéu.
Depois de descarregar o salitre, o Austral deveria zarpar para o Rio de Janeiro e proceder a descarga de vários gêneros.
Às 14h28 do dia 2 de janeiro de 1967, uma segunda-fera, irrompeu um incêndio no porão 4 do navio, atracado junto ao cais do Armazém 25.
O fogo teve início em uma lingada de sacos de salitre do Chile que estava sendo descarregada. Alguns sacos em chamas caíram no interior do porão, alastrando-se assim o fogo por toda a carga.
O Austral durante o incêndio que praticamente destruiuo navio
Em poucos minutos as labaredas atingiram cerca de 30 metros de altura, ultrapassando mesmo a extremidade dos mastros e paus de carga do navio e, como fosse impossível extingui-las, o Austral foi desatracado e rebocado até Conceiçãozinha, na outra margem do estuário, na altura do Armazém 29.
Sucessivas explosões fizeram com que as chamas se propagassem, atingindo o porão 5 e a casa das máquinas, situada anexa ao porão onde o sinistro se iniciou.
Por determinação da Capitania dos Portos, o canal do estuário foi imediatamente interditado, enquanto os rebocadores Saturno e Saboó (da Companhia Docas de Santos – CDS e da Wilson Sons) combatiam o incêndio, lançando também jatos de água contra a superestrutura do cargueiro, que, devido à alta temperatura, ameaçava desintegrar-se.
O incêndio só foi totalmente debelado por volta das 6 horas da manhã do dia 3 de janeiro e, devido às explosões ocorridas na altura da casa das máquinas, quando o fogo lavrava mais intensamente, soltaram-se dezenas de rebites do casco, possibilitando a entrada de água nos porões.
O rebocador Saturno foi um dos que participou na operação de rescaldo do Austral
Com isso o Austral adernou consideravelmente para bombordo.
Na manhã do dia 4 de janeiro, o fogo voltou a arder na altura da casa das máquinas e os bombeiros foram obrigados a retornar ao navio para combate; no final da tarde do mesmo dia, o adernamento acentuara-se e a popa já estava ao nível da água.
Três tripulantes ficaram feridos na fuga precipitada de todos quando irrompeu o incêndio. A tripulação total era de 45 homens, comandados por Umberto Cárdenas Hurriaga.
O Austral ficou praticamente destruído, dele restando somente o casco e um monte de ferros retorcidos e enegrecidos.
As origens do incêndio foram atribuídas à combustão espontânea.
Um inquérito foi aberto em 31 de janeiro de 1967.
As caixas contendo as moedas uruguaias foram retiradas após, felizmente intactas, e o Austral, posteriormente desmontado em Santos, pela empresa Grieves.