A água de lastro é a água captada pelo navio, seja ela fluvial ou marítima, de forma que a mesma possa garantir a segurança operacional do navio no âmbito do equilíbrio e estabilidade operacional, bem como integridade estrutural, preservação das capacidades integrais de manobra e distribuição das forças de tensão externas (ondas, variações de maré, movimentos e correntes marítimas) e internas (fluxo no interior dos tanques, configuração da carga e disposição do peso).
Histórico
Após o surgimento dos navios construídos em aço, a água do mar passou a ser utilizada para manter o calado (designação dada à profundidade a que se encontra o ponto mais baixo da quilha de uma embarcação, e que se mede verticalmente a partir de um ponto na superfície externa da quilha). Assim, a água utilizada com este objetivo passou a ser chamada de água de lastro. Os tanques são preenchidos com maior ou menor quantidade de água para aumentar ou diminuir o calado dos navios durante as operações portuárias. Durante a própria viagem, o navio consome combustível e água. Assim, ocorre uma diminuição do seu peso bruto que consiste redução do seu calado carregado, fazendo com que o leme e parte da hélice fiquem fora da água, prejudicando severamente a capacidade de manobras do navio. Além disso, a água de lastro tem por objetivo garantir a estabilidade do navio enquanto navegando e durante o processo de carga e descarga, onde se observa a maior variação do peso das embarcações em toda a sua vida útil, consideradas todas as manobras e processos realizados pelas mesmas. O uso da água nesta operação de nivelamento mostra-se mais eficiente pela facilidade de esvaziar e encher os tanques, bem como economicamente muito mais vantajoso. A regra geral dos processos de utilização da água de lastro é a de quando o navio está descarregado, os tanques de lastro estão cheios; quando o navio está completamente carregado, os tanques estarão vazios.
Risco ambiental
Há uma intensa discussão sobre o risco sanitário e ecossistêmico da água de lastro. Pelo fato de ser coletada geralmente no porto de saída do navio, esta água pode conter espécies endêmicas de tal região, que são despejadas juntamente com os resíduos da água no porto de destino. Sendo assim, se tal organismo encontra condições adequadas para o seu desenvolvimento, a introdução acidental desta espécie neste novo habitat poderá causar sérios riscos à cadeia alimentar existente e à todo o ecossistema. No Brasil, por exemplo, o chamado mexilhão dourado L. Fortunei, natural de rios e arroios da China foi introduzido, e, sem controle populacional ou predador existente, tornou-se uma praga, causando entupimento de tubulações, danos em filtros de usinas hidrelétricas e bomba de aspiração de água, degradação de espécies nativas e problemas na pesca, além de ameaça à saúde pública.
Outro problema grave que deve ser abordado é o transporte de agentes patogênicos, como, por exemplo, bactérias, protozoários e vibriões. O Vibrio colerae, agente causador da cólera, foi trazido à América do Sul no ano de 1991, causando a última epidemia desta doença no continente, e, inclusive, 33 mortes no país. Tal microrganismo é originário da Ásia.
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