Quarta, 27 Novembro 2024

O Brasil gasta em torno de 30 a 40% a mais na distribuição de produtos comparado a países que contam com infraestrutura logística adequada para escoar cargas. A avaliação é da Associação Brasileira de Logística (ABRALOG). Para o especialista em logística e vice-presidente de educação da entidade, Edson Carillo, a falta de estrutura compromete a competitividade do País, que poderia oferecer condições melhores aos embarcadores com investimentos em intermodalidade para reduzir os custos das operações.

Uma dificuldade levantada pelo especialista é o atual momento de retração econômica experimentado pelo País. Com a arrecadação em queda, a administração federal dispõe de menos recursos para custear projetos de infraestrutura, necessitando do apoio da iniciativa privada. A situação agrava-se ainda mais quando considerado o excesso de intervenção do Governo na definição de regras, o que cria entraves e gera insegurança para o investidor que planeja a longo prazo.

Quem compartilha a mesma opinião é o presidente da Associação Brasileira de Indústria Ferroviária (ABIFER), Vicente Abate. Ele pontua que o declínio no ritmo de crescimento do Brasil implicou, consequentemente, em um PIB negativo com previsão de queda em mais de 3%. Para Abate investir em infraestrutura logística seria a solução para ajudar a melhorar o PIB, além de contribuir com a eficiência logística no País. Outro ponto destacado pelo presidente da ABIFER é destravar a segunda parte do Programa de Investimentos em Logística (PIL2).

Segundo dados do Ministério do Planejamento, a segunda etapa do PIL2 previa investimentos em torno de R$ 198,4 bilhões para a concessão de aproximadamente 7 mil quilômetros de rodovias (R$ 66,1 bilhões); a construção, modernização e manutenção de 7,5 mil quilômetros de linhas férreas (R$ 86,4 bilhões); investimentos em arrendamentos no setor portuário (R$ 37,4 bilhões) e por fim a ampliação dos aeroportos (R$ 7,2 bilhões). Porém, dos 20 leilões planejados para este ano, apenas seis devem ser realizados, sendo cinco trechos rodoviários e uma ferrovia.

Em abril, os principais players do transporte de carga e da logística estarão reunidos na Intermodal South America 2016 para apresentar ao mercado as soluções multimodais desenvolvidas para superar os entraves impostos pela infraestrutura e dar vasão à produção industrial e agrícola.

A operadora logística Panalpina, tradicional expositora do evento, é uma das empresas que oferecerá suas soluções multimodais aos embarcadores de carga que visitam a feira . Para o Head of Airfreight Brazil, da empresa, René Genofre, é na crise que aparecem as oportunidades, por exemplo. Diante deste cenário, a empresa projeta expandir o volume de carga operado. “Apesar do ceticismo que é perceptível, percebemos um movimento importante entre os embarcadores que buscam novas soluções e parceiros. Estamos sendo procurados por empresas de vários setores em busca da nossa expertise para desenvolver, implementar e gerenciar operações logísticas com serviços e soluções diferenciadas”, conclui o Head.

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