O ambiente de instabilidade econômica e política reflete em todos os setores produtivos do País e a indústria naval e offshore, um dos símbolos dos anos recentes de crescimento, também sofre com incertezas. Para reverter este quadro, lideranças governamentais, setoriais e empresariais recorrem ao otimismo, como pôde ser visto no primeiro dia da 12ª edição da Marintec South America - Navalshore, evento do setor de construção e manutenção naval da América do Sul, que começou nesta terça (11) e vai até quinta, no Rio de Janeiro (RJ).
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado do Rio de Janeiro, Marco Capute, afirmou que tem confiança no crescimento do setor: "Estou no cargo há cinco meses e, desde então, minha agenda está carregada de reuniões com empresas que querem investir no Rio". Ele frisa, no entanto, que é necessário ter criatividade para superar o período instável e garantir os empregos nos estaleiros. "O governo estadual não está omisso. Temos discutido uma política para o setor, não só aqui mas no País", completa.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior também acredita na força do setor, destacou o coordenador-geral das Indústrias Automotiva Naval e de Equipamento de Transporte, João Rossi. "Estamos acompanhando a crise, mas sabemos que o segmento naval é forte. O plano de negócios da Petrobras é robusto e está em andamento e as perspectivas são otimistas. Vamos discutir saídas e superar os desafios.
Para o diretor da Agência de Transportes Aquaviários (Antaq), Alberto Tokarski, otimismo não basta, o Brasil precisa ter o compromisso de diminuir a burocracia. Ele se refere às licitações de arrendamentos de áreas portuárias, cujo o primeiro bloco está sob avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU). "Gostaríamos que o processo tivesse mais celeridade, pois temos convicção que as áreas são atrativas e vão gerar investimentos, inclusive de fora do País", observa.
Para o superintendente de Insumos Básicos do BNDES, Rodrigo Bacellar, o ano é de desafios, mas não necessariamente significa que haverá retração para as atividades do banco de fomento, como disse durante participação na Marintec "Só neste ano, a instituição deve financiar mais de R$ 3 bilhões para projetos de construção naval. A busca por mercados externos, inclusive, é uma oportunidade para as empresas enquanto o Pais está instável", observou.
A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) teme que a falta de governabilidade no País afete a continuidade dos projetos nos setores naval e offshore, segundo o vice-presidente da entidade, Raul Sanson. "O momento é difícil e decidimos trabalhar em duas frentes, com o mapeamento da indústrial naval e com o conselho de oil & gas, para discutir os leilões no setor, fundamentais para o seu funcionamento", explicou. Sanso ressalta que, o Rio de Janeiro é o estado que mais sofre quando o ambiente de negócios é ruim, pois 80% das atividades petrolíferas e de gás e 50% da produção naval estão em seu território.
"O grande desafio desta edição da Marintec é o de auxiliar o segmento a formular uma agenda positiva para os próximos anos, com o objetivo de consolidar a atividade naval no País e na América do Sul. Para isso, introduzimos novidades no modelo do evento como o Fórum de Líderes, que reúne, em uma programação de debates, os principais players e lideranças setoriais e governamentais na busca de soluções para o setor", destaca Jean-François Quentin, presidente da UBM Brazil, responsável pela organização do evento, que segue até a próxima quinta-feira, 13.