A Indústria Naval brasileira recebeu, desde 2000, investimentos na ordem de R$ 150 bilhões, recurso determinante para crescimento anual de 19,5%, segundo a pesquisa ‘Ressurgimento da Indústria Naval no Brasil (2000-2013)’, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Hoje, o setor brasileiro é um dos cinco maiores do mundo. “A retomada dos investimentos das indústrias naval, offshore [exploração em alto mar] e de navipeças a partir dos anos 2000 trouxe impactos importantes sobre a economia brasileira: forte geração de emprego e renda; desenvolvimento de uma rede de fornecedores nacionais de insumos, peças e componentes; e oportunidades para a expansão de processos de inovação e de novas tecnologias em produtos e processos”, listam os autores da publicação, Carlos Alvares da Silva Campos Neto e Fabiano Mezadre Pompermayer.
De acordo com eles, o ressurgimento da Indústria Naval também possibilitou no Brasil a construção de plataformas de exploração e produção de petróleo e de gás offshore; fortalecimento dos serviços de cabotagem de óleo bruto e derivados; acesso a mercados externos; e contribuição para a formação bruta de capital fixo.
A demanda prevista para o setor naval nos próximos 25 anos é de aproximadamente R$ 220 bilhões. A Indústria de Petróleo e Gás Offshore é a grande responsável pelo crescimento e sustentação do setor naval. Isso porque a legislação brasileira determina alto grau de nacionalização nas encomendas da Petrobras: pelo menos 60% das aquisições de equipamentos e materiais que viabilizam a exploração de petróleo e produção de combustível.
Em 2011, o Brasil rompeu o longo ciclo no qual os navios da Petrobras eram adquiridos no exterior. Então, foi lançado ao mar o navio Celso Furtado, construído no estaleiro Mauá (RJ).
Ressurgimento
A indústria naval brasileira viu os investimentos aumentarem significativamente nos governos petistas. Em 2003, o setor empregava apenas 7,4 mil funcionários. Atualmente, há cerca de 80 mil empregados em 15 estaleiros localizados no Nordeste, Sudeste e Sul do País. A meta é tornar o Brasil o maior produtor de plataformas de petróleo do século XXI, e com isso, a expectativa é que até 2017 o setor empregue 100 mil trabalhadores.
A retomada do setor se deu, sobretudo, para atender à demanda da Petrobras por plataformas, navios e sondas. Com a exploração do Pré-Sal, o Brasil vai precisar de muitas plataformas. Serão necessários, até 2020, 88 navios, 198 barcos de apoio, 28 sondas de perfuração e 38 plataformas de produção, que contribuirão para elevar a produção para 4,2 milhões barris por dia.
Em 2013, a construção naval brasileira entregou volume recorde de navios e plataformas de petróleo: nove plataformas de produção, dois navios petroleiros de grande porte, 21 navios de apoio marítimo, dez rebocadores portuários e 44 barcaças de transporte. Só em 2014, estão em construção ou contratados para serem construídos aqui no Brasil 18 plataformas, 28 sondas de perfuração e 43 navios-tanque.
Em nível estadual, a retomada da Indústria Naval foi decisiva para a economia: “deu nova vida à estagnada economia fluminense e dinamizou a economia gaúcha. Os estaleiros também transformaram o cenário em quatro estados do Nordeste – Alagoas, Bahia, Maranhão e Pernambuco –, região que também está recebendo três refinarias de petróleo”, aponta o site O Brasil da Mudança.