Dando continuidade à série de reportagens sobre segurança do trabalho, o saite PortoGente conversou com a Libra Terminais, uma das operadoras apontadas na matéria da última edição. Na publicação, o Sindicato dos Estivadores teria acusado alguns terminais, entre eles o da Santos Brasil e o da Libra de não fornecerem cintos de segurança durante a operação de contêineres.
De acordo com o diretor técnico da Libra, Henry James Robinson, quando o navio atraca no terminal, técnicos da equipe de segurança do trabalho realizam uma inspeção para constatar as condições de trabalho. Se há alguma irregularidade, o comando da embarcação é acionado. Dependendo do caso a operação nem é iniciada.
O que os estivadores questionam com maior ênfase, é a falta do cinto de segurança nas operações de altura. Henry explica, que não há qualquer norma explícita de que o cinto de segurança seja um EPC (Equipamento de Proteção Coletiva), e portanto, de responsabilidade dos terminais.
“A NR 29 não aborda diretamente procedimentos específicos para trabalho de altura em contêiner. O cinto de segurança e trava-quedas é EPI (equipamento de proteção individual). Sabemos que é uma situação insegura, mas pela primeira vez um grupo tripartite discute tecnicamente a questão da segurança, em especial, o trabalho em altura. Nunca tivemos em situação tão boa com relação a avanços nessa questão”.
Henry garante que a empresa está totalmente adequada à NR 29. “Além de fornecer o EPI, é preciso treinar os trabalhadores. Já temos o ponto de ancoragem do cinto, o qual considero EPC. Vamos aguardar agora a decisão e o treinamento do pessoal”.
Hoje os estivadores têm a opção de operar contêineres, por exemplo, utilizando gaiolas para o transporte do trabalhador. “O que ocorre é que a utilização das gaiolas implica numa diminuição na velocidade de produção, o que acaba não sendo vantajoso”, explica o coordenador de segurança do trabalho do Ogmo, Luiz Albano. Para ele a utilização do cinto é muito complicada. “Os pontos de ancoragem são difíceis de serem utilizados, pois deveriam estar no mínimo na mesma altura dos trabalhadores. Os estivadores têm proteções coletivas como guarda-corpos, por exemplo. Acredito que o cinto de segurança deva ser coletivo, já que ele será reutilizado por outros trabalhadores”.
Para Albano, enquanto não se chega a um consenso entre trabalhadores, operadores e órgãos, o ideal é o uso das gaiolas. “O grupo de estudo está decidindo a formatação do procedimento para a operação em contêiner. A realidade é que não existe cultura para a utilização do cinto de segurança”, finaliza.
A reportagem não obteve até o fechamento da edição um posicionamento oficial da Santos Brasil e do Tecondi sobre a reclamação dos estivadores.
Foto 1: www.t37.com.br
Leia também:
* Equipamentos são fundamentais para a segurança no cais