Sábado, 23 Novembro 2024

Na segunda parte da entrevista com o presidente da Bandeirantes Dragagem, Ricardo Sudaiha, PortoGente mostra quais os caminhos podem ser seguidos pelo Brasil para resolver o problema que atrapalha os planos de crescimento de dez entre dez portos públicos nacionais. Hoje, por exemplo, as chamadas dragagens de aprofundamento e manutenção causam brigas e desavenças no Porto de Paranaguá e aborrecem empresários de outras regiões do País.

 

Afinal, como resolver isso? O especialista tem a seguinte resposta na ponta da língua. “Apesar de comandar uma empresa nacional, defendo a concorrência com o capital estrangeiro. Essa discussão de ser contra ou a favor é muito pequena. As empresas de fora precisam vir para cá, por favor”. Veja também a opinião de Ricardo Sudaiha sobre quais são os entraves do setor de dragagem no Brasil.

 

PortoGente: Muito se fala sobre a polêmica dragagem do canal de acesso de Paranaguá. Afinal, o que acontece lá?

Sudaiha: Vimos que o Governo do Paraná queria comprar uma draga para recuperar o atraso, mas eu acho que o fato do Poder Executivo querer ter draga é para não dragar, mas sim fingir que draga. Ainda mais com uma embarcação só, não tem como funcionar. No discurso, fica legal, mas a coisa não funciona assim. Pouca gente fala, mas o Canal da Galheta é um dos locais mais difíceis de dragar no Brasil hoje em dia. Ali, há problemas sérios e não é à toa que ninguém resolve essa situação. O problema principal é que as autoridades paranaenses e os empresários de lá se prendem muito às questões políticas e as brigas se tornaram mais importantes que a execução dos trabalhos.

 

PortoGente: A Bandeirantes Dragagem foi a última empresa a operar lá?

Sudaiha: Pois é, foi. Agora eu te pergunto: por que em três anos ninguém dragou mais em Paranaguá? Algum motivo tem. É culpa do governador, da Marinha, do administrador, da empresa de dragagem? É de todo mundo. Eu vejo essas disputas internas de lá como agente dificultador a mais, que afasta o empresário. Por que ninguém apareceu na licitação de dragagem feita recentemente pelo Governo do Paraná, apesar da boa oferta financeira e do interesse do Estado em abrir o processo para empresas do exterior? Algum motivo tem.

 

PortoGente: A SEP está certa ao implantar a dragagem por resultados?

Sudaiha: O grande mérito da criação da Secretaria Especial de Portos foi que o Governo Federal passou a tratar a dragagem e os portos com mais seriedade. Temos esperança de que a situação melhore e o ministro Pedro Brito tem uma vontade ferrenha de vencer, lutar e superar as adversidades e espero que ele não desanime. Isso vai nos ajudar muito. O único contraponto é que no mundo todo estão fazendo isso, o Brasil apenas não está ficando ainda mais para trás. O comércio exterior está em expansão, todo mundo que receber navios grandes, dragar canais de acesso.

 

PortoGente: O senhor é favorável à chegada das empresas estrangeiras nas licitações para dragagem dos portos do Brasil?

Sudaiha: Pelo amor de Deus, tem que vir para cá todo mundo. Eu sou presidente de uma empresa nacional e, apesar disso, defendo a concorrência com o capital estrangeiro. Essa discussão de ser contra ou a favor é muito pequena. Elas precisam vir para cá, por favor. Mas se o País estivesse preparado há mais tempo para enfrentar a crise mundial da dragagem, poderia pedir menos favor.

 

PortoGente: E por que as empresas estrangeiras não vêm para cá hoje?

Sudaiha: Temos no Brasil quatro problemas gravíssimos e que desestimulam qualquer empresário: a burocracia excessiva, a falta de garantias de recursos, a questão ambiental e a formulação de nossos projetos. Na burocracia, vemos que ninguém quer decidir nada e os três poderes usam desse sistema para empurrar as decisões para frente. Os caras que têm que assinar os papéis não assinam, ficam enrolando. Nos recursos, falam de um monte de siglas, PPI, LDO, PPA, todo dia é uma coisa nova, mas no fim de tudo, o empresário draga e o dinheiro demora muito para aparecer na conta. Assim, não há boa vontade que resista. O meio ambiente precisa ser respeitado, mas sem tantos papéis, discussões e entrave do crescimento. E, para encerrar, insisto que nossos projetos de dragagem são inconsistentes, incompletos, nem um pouco claros, tampouco objetivos.

 

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