Sábado, 23 Novembro 2024

A onda de acidentes fatais no Porto de Santos motivou a diretoria do Sindicato dos Estivadores de Santos a revelar à população da Baixada Santista o que acontece da porta dos terminais para dentro. Quase a totalidade dos familiares e moradores de Santos não conhece a realidade vivida todos os dias por milhares de portuários que compõem a força do Porto de Santos.

 


Trabalhador faz destravamento de contêiner sem cinto de segurança

 

Pensando nisso, uma exposição fotográfica mostrará as condições de saúde e segurança a que são submetidos os portuários das dez categorias do Porto de Santos. Todos os sindicatos estão mobilizados para contribuir com esse evento. Prevista para este mês de julho, a mostra pretende chamar atenção de toda a população, de acordo com o 2º secretário do Sindicato dos Estivadores, Marco Antônio Bonfim. “A gente quer que a opinião pública conheça o que a mídia não consegue mostrar, a real situação do trabalhador. A gente trabalha sem segurança, sem higiene e ninguém vê”.



Estivador corre risco de cair no porão por falta de guarda-corpo


A idéia é que a exposição fique ao menos uma semana nas principais cidades da região começando por Santos, em frente ao Paço Municipal. Em seguida, a mostra poderá ser vista em São Vicente, Guarujá, Praia Grande e Cubatão. “O ministro dos Portos será convidado. Estou há 28 anos no Porto e nunca vi um ministro visitar o cais, conhecer o dia-a-dia”, afirma Bonfim.

 


A cinco metros de altura, trabalhador
está exposto a uma batida do portêiner

  

O sindicalista se ressente sobre a perda da força da categoria. “O estivador é um gigante adormecido. Ao longo dos anos, o empresário veio se fortalecendo. Ele começou a ser deputado, senador. Eles se uniram e a gente não. Quando a gente faz greve, nós somos rotulados como baderneiros. A mídia leva outra realidade. Hoje se existe essa potência dos terminais é devido ao nosso suor e sangue. Ninguém reconhece isso. Hoje o trabalhador é descartável para eles. A nossa segurança continua a do século 16, não investiram nada. Na realidade, o trabalhador já está treinado. Ele precisa realmente da segurança. Estamos a deriva”.

 

Veja abaixo mais algumas das fotos que serão expostas:


Falta de higiene no convés do navio é visível


Escada sem pé apropriado em cima do
agulheiro fornecida para subir nos contêineres


Escada do navio para subir a bordo


Na Cosipa, estivador não tem condições de
manobrar a máquina por falta de espaço


Morte de trabalhador da capatazia após a lingada se desmanchar


Trabalhador corre risco de ser
soterrado pelos 15 metros de enxofre



Sem infra-estrutura para usufruir quando a operação pára, 
portuários não têm outra saída a não ser descansar ao relento

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