Quarta, 15 Janeiro 2025

Os produtores rurais e as agroindústrias catarinenses – que formam uma das mais avançadas cadeias produtivas da proteína animal do mundo – devem ser reconhecidos ao se festejar o extraordinário sucesso das exportações de 2024, analisa o presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior. Ele prevê que será difícil repetir esses resultados em 2025.

presidente do sindicato de carnesPresidente do Sindicarne, José Antônio Ribas Júnior. (Foto: MB Comunicação)

Os recordes de volumes e receitas foram batidos no ano recém-encerrado, quando Santa Catarina conquistou o melhor resultado de toda série histórica iniciada em 1997. Esse patamar foi alcançado com embarque de 1,97 milhão de toneladas de carnes no ano (frangos, suínos, perus, patos e marrecos, bovinos, entre outras) com alta de 6,6% na quantidade exportada em relação ao ano anterior. As receitas cresceram 3,2% para US$ 4,15 bilhões.

. Ribas lembra que foi percorrido um caminho árduo para atingir esses resultados. O ano de 2023 foi de resultados abaixo do desejado e 2024 iniciou com um cenário difícil, especialmente no segmento de suínos. Entretanto, instabilidades na geopolítica global afetaram de maneiras diferentes os mercados e o Brasil se beneficiou ampliando sua participação no mercado internacional e obteve resultados superiores em 2024 comparativamente a 2023.

O dirigente também, relembra os trágicos eventos climáticos do Rio Grande do Sul, com, imensos e trágicos impactos na vida das pessoas e na produção. Para agravar, houve o caso da doença de new castle (DNC) em território gaúcho que trouxe suspensão de mercados. "Todo este contexto foi pano de fundo para um setor que segue seu compromisso com a qualidade, competitividade, biosseguridade, enfim, com ciência e competência produzindo com sustentabilidade."

O presidente do Sindicarne assinala que a fórmula do sucesso foi o papel desempenhado pelas agroindústrias e pelos produtores rurais ao lado dos governos estadual e federal e entidades do setor.

É fato que a agroindústria desempenha um papel fundamental neste contexto, desde a base da produção até a apresentação final de produtos que atendem a necessidade dos clientes. Esta coordenação acelera a incorporação de práticas e padrões de qualidade e de excelência na produção, construindo resultados que garantem a liderança nas exportações globais. Além de desenvolvimento de produtos, com qualidade, para atender diferentes culturas e consumidores ao redor do mundo.

EXPECTATIVAS PARA 2025

Ribas Júnior aponta que, sob a ótica global e de mercados, o grande fato novo de 2025 é a eleição americana. As decisões do presidente eleito Donald Trump podem impactar o comércio entre diversos países, como Brasil e China. "Cabe a nós ficarmos atentos, para mitigar riscos e maximizar o uso de oportunidades. Afinal podemos reforçar parceiras com todos, na lógica simples de que alimentos não devem ter barreiras."

O empresário aponta que, internamente, o governo tem desafios importantes na esfera econômica, especialmente para que os juros não continuem inibindo os investimentos em produção.

Aspecto positivo é que no cenário de grãos é esperada estabilidade nas cotações, seja pela safra que deve atingir 322 milhões de toneladas, seja pela regularidade de oferta e demanda. Na área da produção de proteína animal o momento é de cautela, pois não há indicadores que sinalizem otimismos nas demandas. Portanto, recomenda, "o momento é de focar na produtividade, eficiência e qualidade".

COP 30

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP 30 – será uma grande oportunidade para o setor mostrar suas virtudes, na opinião do presidente do Sindicarne.

"Somos aderentes às agendas de sustentabilidade e ESG e demais temas de interesse de todos, sobre a viabilidade do planeta que vivemos. E nosso agro pode mostrar que vem fazendo sua parte. Reside ai uma oportunidade ímpar de garantir "os pedidos" de amanhã. O cliente irá comprar pautado no quanto aquele produto, processo ou empresa entrega nos compromissos materializados de melhoria dos indicadores de sustentabilidade. E tenho certeza que podemos, mais uma vez, buscar protagonismo neste desafio."

Em resumo, na avaliação do Sindicarne, "o ano exige cautela no qual os empresários, o Governo, a cadeia produtiva e as entidades devem ter muito foco para construir o futuro e seguir a jornada vitoriosa do setor."

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