Segunda, 25 Novembro 2024

Dentro da proposta sobre a criação do debate amplo e democrático, na praça virtual do Portogente, trazemos  mais uma capítulo da nossa seção Porto e Cidade.

Portogente conversou com a jornalista santista Cidinha Santos, que mora na Ponta da Praia, em frente à Fortaleza da Barra Grande. Ela vive num lugar que é um cartão postal, mas que também tem suas contradições devido a se localizar junto ao estuário onde trafegam os navios para acessar o Porto de Santos, no litoral paulista.

Cidinha PgA principal questão levantada pela moradora é sobre os apitos dos navios no período noturno, que criam uma poluição sonora para os habitantes da região. Cidinha relembra da sua infância vivida próxima ao Porto e tem nostalgia dos navios de passageiros, mas também testemunhou as grandes transformações no mercado da navegação, que impactam profundamente a relação entre o porto e a cidade. Confira a entrevista.

Onde você vive e que situações vivencia no seu cotidiano junto ao Porto de Santos?
Moro na Ponta da Praia, em frente a Fortaleza da Barra, em frente ao canal do estuário por onde passam os navios que entram para o Porto de Santos, e o que me causa estranhamento é que de madrugada, em diversos dias, os navios apitam desesperadamente. É um horário estranho, pois fosse próximo à manhã, entre 4h30min, 5h, faria sentido pois é o horário em os pescadores saem para o mar. Mas o horário em que apitam não tem ninguém navegando, o que me leva a não entender qual é o código, a orientação ou parâmetro utilizado que se tem para apitar ou não, considerando que o Porto é no meio da cidade. Vivem no seu entorno pessoas idosas, pessoas adoentadas, de todo tipo, que são afetadas por esse volume de apito de navio. Durante o dia chega a incomodar, pois trabalhando de casa, estou em reuniões ou lives e preciso interromper minhas falas e desligar o microfone para não atrapalhar a reunião, pois o volume incomoda muito. Durante o dia tolero pois sei que não há o que fazer, mas se incomoda, imagina a noite.

Como você vê a relação entre Porto & Cidade, analisando a realidade de Santos?
A relação porto cidade aqui é muito complicada, pois os empresários ligados ao porto e a prefeitura são parceiros. A prefeitura não faz o devido debate com a sociedade sobre as implicações que as alterações na região portuária causam às pessoas. Foi modificado o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) e em um dos bairros mais antigos da cidade – o Macuco - onde moram ex-operários e pessoas que trabalhavam no porto, foi autorizada a instalação de pátio de contêineres, o que muda significativamente a vida das pessoas, por conta do barulho de entrada e saída de caminhos, descarregamento, sem contar que não sabe-se o que contém nesses contêineres (que tipo de conteúdo armazenam). Então é uma situação muito ruim. Tem o vereador aqui da região, Chico Nogueira, que é do Sindicato da Administração Portuária, que tenta acompanhar e busca o diálogo, mas a maior parte dos empresários portuários pensam somente no desenvolvimento, que na verdade é o lucro deles, por que eles não moram na região que está sendo afetada.

Qual que seria a saída para melhorar essa relação entre Porto & Cidade?
O Porto sempre foi visto de uma forma romântica por conta dos navios de passageiros. Com a mudança do transporte marítimo houve um aumento muito grande de transporte de contêineres. Aqui na ponta da praia passam navios tão altos que equivalem a prédios de 20, 30 andares. Isso é pesado, grosseiro, feio e modificou a relação com a cidade. As lembranças que tenho de infância é de navios de passageiros, aportados na barra ou no porto, apitando na virada do ano ou na virada de Natal. Essa memória é muito boa, mas o Porto vai tomando conta e vai agredindo a cidade. A avenida portuária tem um cheiro ruim, pois não há um cuidado com o armazenamento, ainda tem o transporte de contêineres via férrea, de onde caem grãos que apodrecem e causam um cheiro ruim no entorno do porto, o que é lamentável. Eu penso que falta diálogo com a população santista, principalmente dessas áreas afetadas. O poder público chama audiência muito mal divulgadas, em horário de difícil participação, o jornal e a TV local são governistas e a favor desse desenvolvimento a qualquer preço, estão do lado dos empresários, então penso que falta participação popular, que as pessoas sejam ouvidas.

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