O Brasil vive a pior seca dos últimos 91 anos. Os reservatórios estão em declínio, principalmente os da região Sudeste. Diante dessa crise hídrica, a justificativa tem sido a de que o período chuvoso foi insuficiente para abastecer as bacias hidrelétricas. Sem o despacho térmico a situação poderia estar muito mais desconfortável, com possível racionamento de água.
O presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch) Paulo Arbex, comenta que o problema é conjuntural. “A crise é de gestão e não de recursos hídricos”, disse ele. Não há falta de água no Brasil, existe deficiência de reservatórios, que não foram projetados anteriormente e nem dimensionados para atender a demanda.
Em outros países como, por exemplo, a China há 23 mil hidrelétricas e 47 mil reservatórios e outros 24 mil para irrigação, abastecimento de água à população etc. A Alemanha tem 7 mil e 300 hidrelétricas, sendo que a hidroenergia é prioridade nacional. A Noruega gera 94% de sua energia por meio de hidrelétricas. Todas essas economias demonstram que é possível atender o mundo com hidroenergia.
Os dados mais recentes sobre capacidade instalada e geração de energia divulgados pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), confirmam que as hidrelétricas são a fonte que mais geram energia no país. No primeiro semestre de 2021, as fontes hidráulicas entregaram 72,6% de todos os MWh consumidos no Brasil.
No período de 2019 a 2021, as hidros entregaram no pior ano, 71% e no melhor ano, 95,3% de todos os MWh consumidos no país. Todas as outras fontes somadas (térmicas a gás, a diesel, a óleo, carvão, biomassa, eólicas, solares e nucleares) entregaram um máximo de 29% dos MWh consumidos e um mínimo de 4,7%.
Arbex explica que o Brasil tem o segundo maior potencial hídrico do mundo, 12% da água doce do planeta, e possui apenas 1500 hidrelétricas com questionamentos se esse número não é muito para o país.
Toda a problemática que está sendo discutida atualmente não é nova, há mais de 20 anos já se sabe que faltam reservatórios. Nesse período, o Brasil construiu térmicas para darem segurança ao sistema elétrico brasileiro. Atualmente, existem quase 45 mil MW de térmicas. Contudo, a carga oscila entre 50 e 70, ou seja, não deveria existir nenhum problema com essa estiagem que estamos enfrentando, se essas térmicas fossem acionadas. O problema seria o custo, pois são mais caras que as hidros, mas não haveria racionamento, diz ainda Arbex.
Exceto as nucleares, todas as outras fontes geram menos que sua porcentagem da capacidade instalada.