Segunda, 25 Novembro 2024

Ao passo que grandes companhias aéreas foram impactadas pela pandemia, serviços especializados em voos privados registraram crescimento e demandam mão de obra especializada

A aviação comercial, sem dúvida, está entre os setores mais impactados ao longo deste um ano de pandemia. Para se ter uma ideia, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) estima US$ 157 bilhões em perdas, entre 2020 e 2021. O prejuízo é cinco vezes maior do que o registrado durante a recessão de 2008-2009. Só no Brasil, as grandes empresas áreas acumularam um prejuízo de R$ 19,7 bilhões. E essa perda de receita se reflete, infelizmente, no fechamento de postos de trabalho. Segundo levantamento da consultoria Five Aero, cerca de 620 mil empregos foram eliminados desde o início da pandemia.

Antares 1 Perspectiva da pista do Antares Polo Aeronáutico. Crédito: Divulgação.

Mas, ao passo que a aviação comercial acumula prejuízos, a chamada aviação executiva (voltada para voos privados) cresce exponencialmente, e o setor pode absorver boa parte dessa mão de obra especializada, que há pouco tempo atuava na aviação comercial. É o que argumenta o piloto de linha aérea e gerente de produto do Antares Polo Aeronáutico, empreendimento em construção na cidade de Aparecida de Goiânia, Eumar Lopes.

Segundo ele, Goiás é um dos estados que absorverá boa parte dessa mão de obra especializada com a construção do polo aeronáutico na Região Metropolitana de Goiânia. “A chegada do Antares, que é um pólo da aviação geral, representará o surgimento de muitas e várias oportunidades para os vários profissionais que são demandados para as operações aeroportuárias, desde um gerente de aeroporto até os atendentes de pista. Há também profissões ligadas à manutenção, como mecânicos e auxiliares de mecânica de aeronaves. No Antares, inclusive, outros serviços surgirão ao redor do empreendimento, como hotelaria, aluguel de veículos e alimentação, o que irá demandar uma grande cadeia de empregos”, explica Eumar. Ele revela ainda, que quando estiver em pleno funcionamento, o Antares poderá gerar cerca de 3 mil postos de trabalho. O Antares, só em sua fase de pré-lançamento, comercializou cerca de 30% dos 72 lotes ofertados.

Crescimento
Para se ter uma ideia do crescimento da aviação executiva no último ano, o Flapper, um dos principais aplicativos de reserva para voos executivos usados no Brasil, registrou um aumento de 194% na receita de dezembro de 2020 em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já a plataforma Fly Adam, também especializada no agendamento de voos executivos, registrou uma alta de 300% nas buscas e fretamentos de aeronaves em dezembro, na comparação com mesmo mês em 2019. No começo deste ano, a procura continuou em alta e o Flapper apurou um aumento de 397% nos primeiros 20 dias do ano nos pedidos de cotação para voos executivos.

De acordo com o professor do curso de ciências aeronáuticas da Puc Goiás, Salmen Chaquip Bukzem, a tendência do cenário da aviação executiva no País era de aquecimento antes da pandemia e deve ser, certamente, de superaquecimento num momento pós-pandemia. “Não tenho nenhuma dúvida que o modal de transporte que mais irá crescer no país é o aéreo. Para os grandes empresários, mesmo com a maior difusão das reuniões online, não se exclui a necessidade de contato presencial em muitas ações.Temos na aviação agrícola, uma categoria importante da aviação executiva e o aumento dos serviços de transporte aeromédico”, avalia Bukzem.

O professor de ciências aeronáuticas explica que a aviação não movimenta só o pessoal diretamente ligado à manutenção e operação de aeronaves. Segundo o especialista, há também uma infinidade de atividades satélites que orbitam o setor, como fornecedores de peças e prestadores de serviços diversos.

De acordo com Bukzem, devido a necessidade de grande especialização, os vencimentos de profissionais que atuam no setor da aviação podem ser bem acima da média. “No caso do pessoal ligado à área de manutenção, por exemplo, os salários variam conforme a complexidade dos equipamentos que eles operam. Mecânicos de monomotores a pistão, recebem uma média entre R$ 3.300 a R$ 3.500. À medida que esse profissional vai crescendo e vai tendo acesso a aeronaves mais complexas, temos outro nível que exige maior capacitação, chegando a ganhar em torno de R$ 5 mil. Quando se chega aos modernos jatos executivos esses ganhos são ainda maiores, já que são aeronaves mais sofisticadas e caras”, esclarece o especialista.

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