Encontro online contou com a participação da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol) e de outros representantes do setor, que debateram as perspectivas para o segmento no país
Responsável por cerca de 90% das importações e exportações do Brasil, o modal marítimo, historicamente, é o principal meio de transporte quando o assunto é o comércio exterior. Por isso, os terminais portuários são tão relevantes para o bom desempenho do setor, afinal, são eles os responsáveis pela movimentação de todo e qualquer produto que chega ou que deixa o país.
Ciente disso e com o intuito de discutir quais os rumos do segmento daqui em diante, o Fórum Brasil Export promoveu um webinar exclusivo sobre o setor no fim de junho - "O Futuro do Mercado e as Perspectivas Para os Terminais de Contêineres no Brasil" - que contou com seleta audiência para interagir com quatro representantes da área.
Foram eles: o diretor-presidente da Santos Brasil, Antônio Carlos Sepulveda; o conselheiro do Nordeste Export e diretor-presidente do Tecon Suape, Javier Ramirez; e o conselheiro do Brasil Export e CEO da Brasil Terminal Portuário, Ricardo Arten. A mediação do debate ficou à cargo do também conselheiro do Brasil Export e gerente executivo do SOPESP - Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo, Ricardo Molitzas. Participou do encontro online ainda Cesar Meireles, diretor-presidente da Abol, uma das patrocinadoras do Fórum Brasil Export.
Para o diretor-presidente da Santos Brasil, Antônio Carlos Sepulveda, este é um setor que sempre foi muito bem no país, apresentando crescimentos constantes, ano após ano. "Se avaliarmos o desempenho do setor somente na última década, vemos uma taxa de crescimento composta de 4,4% ao ano na movimentação de contêineres no Brasil. Se olharmos somente a cabotagem, a alta foi ainda maior, de 11%. E como deixar a movimentação de contêineres ainda mais rentável? Na nossa visão, a saída é através da automação, tanto vertical quanto horizontal, dos terminais", disse.
O executivo acrescentou também que o setor ainda tem muito o que se expandir como um todo e destacou quais são os principais drivers de crescimento, na sua opinião, que podem impulsioná-lo ainda mais. "Segundo o Plano Nacional de Logística Portuária, os processos de conteinerização de commodities 'on-going' (celulose, madeira, açúcar, soja, entre outras) é um deles, já que 30% do volume transportado em navios de granel e carga geral ainda podem ser conteinerizados até 2030; já de acordo com o Instituto de Logística e Supply Chain, a cabotagem tem potencial para quintuplicar sua capacidade de movimentação; sem contar que deve ocorrer a alavancagem das operações de transbordo pelo emprego de embarcações maiores do que as atuais, chegando de 12.000 a 15.000 TEU's de capacidade, como já ocorre na Costa Oeste da América do Sul; entre outros fatores", pontuou.
O conselheiro do Brasil Export e CEO da Brasil Terminal Portuário, Ricardo Arten, concorda com a pujança do setor e toma como base o desempenho do Porto de Santos, o maior complexo portuário da América Latina, onde estão sediados. "Antes da Covid-19, o porto estava indo muito bem, com uma movimentação de cargas muito expressiva, registrando um aumento de 12% com relação ao primeiro trimestre do ano anterior. Tanto nas importações quanto nas exportações vários segmentos cresceram, em especial os industriais nas importações, como o de auto-peças, e os agros nas exportações, como o algodão", ressaltou.
"Naturalmente, com a chegada do coronavírus, o setor sentiu alguns efeitos, como queda nos volumes de alguns segmentos mais impactados. Mas no pós-Covid acreditamos que os números voltarão a crescer, principalmente nas exportações. Os embarques de café, algodão, açúcar e carne, por exemplo, devem continuar aquecidos. No mais, a retomada é inevitável, devido a natureza cíclica da economia, no entanto, precisamos estar preparados. Essa recuperação só será possível se houver o interesse permanente dos investidores, se eles continuarem acreditando no país", complementou Arten .
Situação semelhante foi relatada pelo conselheiro do Nordeste Export e diretor-presidente do Tecon Suape, Javier Ramirez. "Aqui no Nordeste do país também tivemos um primeiro trimestre muito bom. Porém, no final de março, começou a se notar uma queda nas movimentações, até que em maio atingimos o pior momento até então. Com isso, creio que devemos ter uma redução de 5% nos resultados dos primeiros cinco meses do ano na navegação de longo curso e de 3% na cabotagem. Mas aos poucos as coisas estão se normalizando e estamos otimistas que tudo vai melhorar ainda mais em breve. Sem contar que estamos aproveitando este momento como uma grande oportunidade de nos aprimorarmos", finalizou.