Médica veterinária explica com lidar com os pets durante a pandemia do novo coronavírus
Por causa das medidas de isolamento social, necessárias para evitar a disseminação da Covid-19, tutores de pets passaram a ficar em casa e têm se perguntado sobre quais cuidados precisam ser tomados para garantir a saúde dos animais.
Assim como nós, os pets também estão tendo suas vidas e rotinas afetadas pela pandemia. A saúde fisiológica e emocional dos animais, a higiene, a alimentação e os passeios, tudo merece atenção especial nesse momento. Como cuidar de nossos pets durante a quarentena?
A Médica Veterinária Tatiane Manzano, responsável técnica da Animed Hospital Veterinário, explica o que podemos fazer para melhorar a vida de nossos animais de estimação nesse período.
1) Pets podem ficar doentes ou transmitir a COVID - 19?
Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde, não há evidências cientificas sobre transmissão dos pets para os humanos. A família do coronavírus é conhecida desde 1960, nos humanos temos o coronavírus tipo beta que causa problemas respiratórios, já nos cães e gatos o coronavírus é do tipo alfa, que causa problemas gastrointestinais e nos felinos podem sofrer uma mutação e causar Peritonite Infecciosa Felina (PIF). Vale lembrar que ambas as cepas são transmitidas apenas inter-espécies, ou seja, de humano para humano e de cães e gatos para cães e gatos. Importante: existe vacina que protege os cães contra o coronavírus, as déctuplas. Não há vacina contra coronavirus para gatos. E as vacinas dos cães não podem ser aplicadas em humanos.
2) Uma pessoa infectada pode manter contato com seu pet? Os pelos podem ser fonte de contaminação?
Até o momento, não há garantia de que não haverá transmissão. Em teoria, o vírus pode ficar no pelo do animal e assim como em outras superfícies (embalagens, corrimão, elevadores). Ou seja, se uma pessoa infectada passar a mão no seu pet, o vírus pode ficar no pelo e quando outra pessoa chegar perto pode se contaminar. Portanto, o ideal é que pessoas infectadas devam se isolar dos seus pets.
3) Quais são os cuidados de higiene recomendados para os pests e qual a frequência?
Os mesmos de sempre. Não devemos, em hipótese alguma, passar álcool gel ou 70% nas patinhas dos animais, pois pode causar ressecamento e resultar em pododermatites. Quando precisar higienizar as patinhas, use sempre água e sabão, lembrando de enxaguar e secar muito bem, de preferência com secador de cabelos. Em casos isolados, pode-se usar os lenços umedecidos. Os banhos em pet shops devem ser evitados mas, quando necessários, sempre agendar o horário, para que não haja aglomeração de clientes nas clínicas ou pet shops. Animais que estão acostumados a tomar banho semanalmente podem continuar com a rotina.
4) Neste período de quarentena ainda devemos passear com os cachorros? Quais cuidados tomar durante passeios?
Os passeios devem ser realizados apenas se for para o animal fazer as necessidades. Caso isso seja necessário, faça caminhadas curtas e dê preferência para horários que sejam mais tranquilos e em ambientes em que não haja aglomeração de pessoas.
5) O que deve ser feito para gastar a energia dos cães que estão sem passear? Quais brincadeiras e tipos de enriquecimento ambiental podemos fazer durante a quarentena?
Nesse período de quarentena, truques simples podem fazer que os cães gastem mais energia, como por exemplo, no lugar de colocar a ração no comedouro normal, coloque em garrafas pets e façam pequenos orifícios para que quando o animal pegar a garrafa, os grãos de ração caiam. Existem também brinquedos próprios para isso. Outra opção é fazer gelo com algumas frutas e verduras dentro, como se fosse um picolé. Para os gatos, utilize caixas de papelão para os felinos usarem como esconderijo, além dos arranhadores e brinquedos próprios para a espécie.
6) O que fazer se meu filhote precisa ser vacinado agora? Ou se precisar de atendimento veterinário?
Serviços que não são considerados urgências ou emergências, devem ser reprogramados para não haver uma exposição desnecessária dos tutores. Caso haja necessidade, o atendimento pode ser realizado na casa do tutor, lembrando que o médico veterinário deverá utilizar todos os equipamentos de proteção como luvas, máscara e aventais descartáveis. Após o atendimento, os resíduos serão separados pelo veterinário e enviados para a destinação correta, especialmente os materiais biológicos, como sangue e seringas. E por fim, os envolvidos devem higienizar as mãos com agua e sabão e em seguida passar álcool gel ou 70%.
Para casos mais complexos, quando o atendimento não puder ser realizado em domicilio, a opção é mesmo levar ao hospital, onde há todos os equipamentos necessários para os mais diversos procedimentos. Nesta situação, os tutores devem marcar horário para a consulta e, se possível, ir apenas um tutor por animal, afim de evitar aglomerações.
7) Médicos veterinários podem fazer atendimento a distancia (online)?
Não, continua proibido, conforme determina o Código de Ética da Medicina Veterinária. A consulta deve ser presencial, na clínica ou na residência do tutor, mais sempre de forma restrita, reduzindo as aglomerações.
8) Existe algum cuidado especial para os gatos nessa época de quarentena?
Não, deve-se manter os mesmos hábitos de sempre. Importante: se forem gatos que vão para a rua, quando voltarem para casa é necessário higienizar as patinhas.
9) O que fazer para aliviar a ansiedade e o estresse dos animais, causados pela presença dos tutores e familiares em casa durante este período?
Na maioria das vezes, os animais gostam da presença dos seus tutores. Caso o tutor perceba que o animal está mais estressado, devido a mudança de rotina da casa, tente deixar o animal mais tranquilo possível, evite ficar pegando no colo, deixe o pet no cantinho dele, seja caminha ou casinha. Interaja somente nos momentos que já eram de costume, como a hora de alimentar ou caminhar, por exemplo.
10) É recomendável adotar um pet neste período, como gatinhos ou cachorrinhos?
Adotar um pet é sempre recomendável e nessa época de afastamento social é melhor ainda. O tutor pode ajudar um animal que está passando dificuldades na rua e, ao mesmo tempo, ganha uma companhia. Mas é muito importante levar o novo pet ao veterinário para uma avaliação médica, antes de levá-lo para casa, para saber se a saúde do novo integrante da família está em boas condições.