Pesquisa do Sebrae/SC revela que a região foi a menos afetada na taxa de desemprego
A cadeia produtiva de proteína animal (aves, suínos e leite) na região oeste catarinense assegurou a manutenção dos empregos e as atividades das empresas. Esses reflexos foram apontados pela segunda edição da pesquisa do Sebrae/SC sobre o impacto da pandemia do novo Coronavírus na economia do Estado.
"Os dados da região oeste mostram um cenário de menor impacto nas empresas, ou seja, 2,6 demissões para cada dez vagas de emprego. Desta maneira, observa-se que o número de demissões foi freado pelo agronegócio, que manteve as atividades em funcionamento", analisa o diretor técnico do Sebrae/SC, Luc Pinheiro.
No oeste, 26% dos empresários afirmaram terem demitido ao menos um funcionário no último mês, menor taxa no comparativo das demais regiões do Estado (média catarinense de 34%). Na primeira edição da pesquisa eram 17%. Os números representam 64.813 pessoas sem emprego na região.
O aspecto favorável da região é que 73,07% das empresas permaneceram com o mesmo número de empregados depois da quarentena, sendo que esse é o maior indicador do Estado no comparativo das demais regiões (65,94% do vale do Itajaí; 65,48% da serra; 64,28% do norte; 61,14% grande Florianópolis; 57,36% da foz do Itajaí e 54,68% do sul). A região também apresenta o menor índice de redução de trabalhadores (26,03%) e registra aumento de 0,89% de novos postos de trabalho após o período de distanciamento social parcial em Santa Catarina.
Conforme o levantamento, na região oeste, 35,52% dos empresários afirmaram terem mantido a atividade com redução da produção; 24,41% em atividade com mudança no funcionamento (teletrabalho, tele entrega, etc); 21,90% em atividade sem mudanças no funcionamento (maior índice no comparativo das demais regionais do Estado); 16,06% foram fechadas temporariamente e aguardam liberação; 1,22% não informou e 0,89% fechou as portas definitivamente.
Em relação ao faturamento, 89,29% dos entrevistados da região afirmaram queda de 57,08% no faturamento, totalizando R$ 1,5 bilhão a menos. No comparativo com as demais regiões do Estado, o oeste possui o menor percentual, seguido do norte (90,95%), serra (91,67%) e sul (91,89%). Na análise das empresas que tiveram aumento do faturamento, o oeste também desponta na pesquisa com 2,51%, seguido da região do norte (1,29%) e foz do Itajaí (1,28%).
"Mesmo tendo os melhores indicadores, a perda de mais de R$ 1,5 bilhão no faturamento das empresas mostra que o oeste teve o mesmo impacto do que as demais regiões como foz do Itajaí, grande Florianópolis e norte, em função da redução das vendas internas dos pequenos negócios. Ou seja, não é porque demitiu menos ou teve o menor número de empresas fechadas que a paralisia da economia catarinense deixou de afetar na geração de riquezas. Além disso, outro fator que requer análise é de que o faturamento foi elevado impulsionado pelas exportações", explica Pinheiro.
Os segmentos mais impactados na região oeste foram de alimentação fora do lar (bares e restaurantes) e bebidas, sendo que 60% das empresas reduziram o quadro de funcionários e a perda de faturamento atinge praticamente 100% no período. Outras atividades econômicas que apresentam enorme impacto da crise são de beleza, madeiras e móveis com 93% de queda.
Análise de dados
A presidente da CDL/Associação Empresarial de Maravilha, Eliana Estefano, destaca que os números do oeste são os melhores do que das outras regiões devido ao agronegócio e por ter em seu território empresas de grande porte nesse setor. "Sentimos que o reflexo da parada econômica ainda está por vir, muitos empregos foram mantidos, aguardando a retomada, que aconteceu há duas semanas. Porém o mercado está inseguro, o consumidor com receios, o que refletem automaticamente nas vendas", destaca. Segundo Eliana, as micro e pequenas empresas do comércio, por exemplo, estão se reinventado e buscando novas formas de gestão do seu negócio.
Segundo o presidente da Associação Empresarial de Pinhalzinho (ACIP), Sergio Matte, os números da pesquisa refletem a dura realidade do impacto da pandemia na economia "Ao analisarmos os números do oeste observamos que são mais positivos em detrimento a outras regiões, que também apresentam mais casos da doença. Assim, é possível compreender que a confirmação dos primeiros casos no Estado gerou pânico e decisões precipitadas, o que resultou um nível de desemprego elevado e risco de fechamento de várias empresas", defende. Matte explica que as entidades representativas têm buscado as melhores alternativas para auxiliarem os empresários. "As empresas estão elaborando planejamento de retomada do desenvolvimento de seus setores e têm adotado as medidas necessárias para garantir a segurança de seus funcionários e de seus clientes. Contudo, é necessário fazer um apelo para que a população se sensibilize e mantenha os cuidados para evitar a proliferação da Covid-19".
Pesquisa
O levantamento teve como objetivo acompanhar as consequências econômicas provocadas pela Covid-19 (em setores, regiões e segmentos) acompanhando as mudanças de cenário frente as ações de enfrentamento da crise provocada pela pandemia.
A sondagem considerou o universo dos pequenos negócios e das médias e grandes empresas, que compreende 855.952 negócios. Ao todo foram ouvidos 4.348 empresários de todas as regiões de Santa Catarina (189 municípios), no período de 13 a 14 de abril. A margem de erro é de 1.5 ponto percentual para mais ou para menos.