Domingo, 24 Novembro 2024

Porto e Imbituba, litoral catarinense, têm forjado, ao longo do tempo, uma relação adequada para que a atividade econômica relacionada ao terminal portuário não signifique pesadelos ao município. Como afirma o prefeito Rosenvaldo da Silva Júnior (PT), as questões boas e ruins são colocadas à mesa da negociação direta entre a Prefeitura e a Autoridade Portuária. Isso não significa que não existam problemas e vigilância permanente, esclarece.

Imbituba PrefeitoPrefeito de Imbituba acredita no diálogo para resolver problemas entre cidade
e porto local. Crédito: Israel Costa | Divulgação.

Conhecida como a “capital nacional” da baleia franca, Imbituba tem um porto pujante e em crescimento, por isso se preocupa com o futuro da mobilidade na cidade para que não se transforme num gargalo mais lá na frente tanto para o Porto como para a população local. O diálogo sempre é um bom caminho para resolver pendências, o WebSummit “Porto & Cidade – Em direção a elos sustentáveis” que dar sua contribuição oferecendo esse espaço de debate. Fique à vontade, internauta, em embarcar nessa plataforma marítima e digital, os seus comentários, ideias, críticas são bem-vindos a bordo.

Cidade resistente
Imbituba tem um território de 186,787 km², população estimada em 44.076 habitantes, localizada em sua maioria na zona urbana, com um IDH de 0,765 (Censo 2010, IBGE). Foi povoada historicamente por comunidades indígenas do povo Carijó, que habitava o litoral catarinense. É da sua língua nativa que surge o nome Imbituba, que significa “região com imensa quantidade de Imbé” (um cipó resistente, utilizado para confeccionar cordas). Posteriormente foi impactada pela colonização açoriana, que removeu os povos originários para as margens do território. A cidade tem muitas histórias, como o início das batalhas em que participaram a heroína Anita Garibaldi e Giuseppe Garibaldi.

Baleia franca ImbitubaCidade é conhecida como a "capital" da beleza da baleia franca. Créditos: Israel Costa / ASCOM / PMI.

Baleia franca
Atualmente, além do porto, suas atividades econômicas se desenvolvem na área do turismo – é a capital nacional da baleia franca -, do comércio, da indústria de cerâmica e da produção de carvão. Também recebe anualmente o Festival Nacional do Camarão, que está na 20ª edição.

O prefeito
Rosenvaldo da Silva Júnior assumiu a gestão do município em 2017. É formado em medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Na entrevista ele fala da sua visão sobre a gestão da cidade em relação ao porto, dando ênfase às questões sociais e ambientais.

Portogente - Como o senhor definiria a relação entre o porto e a cidade?
Rosenvaldo da Silva Júnior – O Porto de Imbituba tem uma importância fundamental para a cidade, inclusive é um dos maiores empregadores do município se considerarmos o porto e toda a cadeia econômica que gira ao seu redor, gerando muito emprego e renda, que faz a economia da cidade se movimentar, socialmente é importante na renda de muitas famílias.

O Porto desenvolve com o município, em parceria, várias ações em termos sociais, como, por exemplo, projetos educacionais em escolas do município, com artesãos da cidade – com a palha de butiá -, ambientais como o de estudo e acompanhamento da baleia franca. O Porto está presente na vida da cidade de Imbituba de maneira positiva, estimulando o desenvolvimento social, ambiental, educacional do município.

Como é o diálogo entre a administração municipal e a Autoridade Portuária?
O diálogo se dá de modo bastante aberto e positivo no sentido de resolver problemas. A administração do porto tem tido ações em parceria como o acesso norte, que dá afluência ao Porto de Imbituba; o plano de zoneamento do Porto teve a participação do município. Hoje o município está fazendo a revisão do plano diretor e estamos alinhando isso com o Porto. O município tem assento no Conselho de Autoridade Portuária (CAP) justamente para que se possa discutir em conjunto os problemas que surgem e que precisam da atuação do município e do Porto para solução.

Imbituba segunda fotoPorto e cidade, segundo prefeito de Imbituba, têm realizado diversas parcerias nas áreas social
e educacional. Crédito: Israel Costa | Divulgação.

Ter um porto localizado na sua cidade significa desenvolvimento econômico para o município?
Com certeza! A presença do porto representa sim desenvolvimento econômico e, em termos estatísticos, o porto e as empresas ligadas ao setor portuário são os principais arrecadadores, sendo a cadeia portuária a principal fonte de arrecadação do município. Por conseguinte, ele é fundamental para a nossa população, pois é com essa arrecadação que a gente consegue manter equipamentos públicos, construir infraestruturas, pensar em melhorias na cidade e para todos os cidadãos imbitubenses.

Como a municipalidade reduz ou mitiga problemas relacionados ao meio ambiente?
Em termos ambientais a gente tem realmente uma preocupação bastante grande. Na nossa gestão criamos a Secretaria de Meio Ambiente, responsável pela fiscalização e emissão de licenças em todo o município. Estamos ampliando o número de fiscais para aumentar a capacidade de fiscalização. Por isso, fizemos convênios com outros órgãos, como a Polícia Militar, para que nos ajudem para evitar possíveis danos e crimes ambientais, de maneira a mitigar os efeitos e os problemas advindos da própria movimentação portuária.

Quanto ao planejamento, como falei, para evitar futuros danos, é importante que a gente programe todo esse crescimento e planeje a forma como o desenvolvimento de todos os setores econômicos vai ocorrer, principalmente o setor portuário. Por isso a gente está na fase de revisão do plano diretor (que será concluída esse ano). Também estamos desenvolvendo o nosso Plano da Mata Atlântica (que tem uma presença forte no nosso município) e o objetivo é manter sua presença independente do crescimento que possa vir a ocorrer. Temos em Imbituba a presença da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, que protege as baleias e mantém a questão ambiental sobre controle.

Imbituba caminhãoMobilidade é uma preocupação para a cidade devido ao constante crescimento das
atividades portuárias. Crédito: Israel Costa | Divulgação.

Problemas na relação porto e cidade?
Colocaria em primeiro lugar a questão da mobilidade e a preocupação que a gente tem em relação ao futuro da mobilidade, como o porto está em pleno crescimento, em fase de expansão da sua movimentação, e está inserido no centro da cidade. Então a gente tem conversado com a administração portuária pensando em projetos futuros para um acesso específico ao porto, exclusivo, ou de duplicação do acesso que temos hoje, por que esse pode ser muito em breve um gargalo para a movimentação portuária e um transtorno para a cidade em termos de mobilidade.

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