O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) lançou, no dia 22 último, no Rio de Janeiro, o calendário de eventos do setor de petróleo e gás para 2019. Na ocasião, José Firmo, presidente do Instituto, se reuniu aos novos diretores da Petrobras para debater as perspectivas do setor de energia. Anelise Lara, diretora executiva de Refino e Gás Natural, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, diretor executivo de Exploração e Produção (E&P), e Rudimar Lorenzatto, diretor executivo de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia, abordaram como o novo panorama da indústria pode impactar no planejamento e investimento das empresas.
"Em meio ao cenário positivo de retomada, o setor busca espaço para troca de tendências entre novas empresas e aquelas já consolidadas no país. Com o objetivo de aumentar conexões e contribuir para o desenvolvimento da indústria, o IBP tem como foco transformar os eventos em uma grande plataforma de conhecimento", discursou Victor Montenegro, Gerente Sênior de Eventos do IBP.
Refino e gás natural
A diretora executiva de Refino e Gás Natural da Petrobras, Anelise Lara, afirma que a companhia quer trabalhar junto com a indústria, atraindo novos players que possam contribuir para um setor mais dinâmico e competitivo. O mercado nacional de gás natural, por exemplo, tem presença quase exclusiva da Petrobras, ou seja, é praticamente um monopólio por questões regulatórias. Hoje, a companhia busca uma gestão mais ativa do seu portfólio de forma a garantir uma melhor rentabilidade sobre o capital investido.
Atualmente, a demanda nacional de gás é de 80 milhões de metros cúbicos por dia, sendo que a produção interna é de 50 milhões de metros cúbicos por dia. Outros 23 milhões de metros cúbicos são importados da Bolívia e ainda se faz necessário o uso de aproximadamente 7 milhões de metros cúbicos de GNL. "O Brasil ainda é um país importador e o preço do gás acaba sendo impactado pelo fato de não termos a disponibilidade de gás como o mercado americano. Para baratear esse recurso serão necessários investimentos para aumentar a produção interna do Brasil, através da Petrobras e de parceiros", afirmou.
Para José Firmo, presidente do IBP, o Brasil passa por uma oportunidade de transformação e reindustrialização através do gás. "Criamos uma nova onda capaz de gerar gás associado em quantidade e volume suficientes para causar uma transformação industrial no Brasil. Agora, o foco é decidir o que iremos fazer com essa oportunidade nos próximos anos: desviar o gás, tanto para injeção quanto para exportação, ou utilizá-lo no país para estimular uma transformação similar àquela que os Estados Unidos usaram para impulsionar sua indústria. Cada vez mais, o intuito é que o Brasil seja capaz de competir mundialmente com um recurso que tem um componente extraordinário para a transição energética, que é o baixo teor de carbono", ressaltou.
Anelise defendeu ainda a necessidade de um operador nacional para gestão de toda a malha de gás. "Essa gestão hoje é feita pela Petrobras, mas perde o sentido a partir da abertura do mercado para novos participantes. É preciso um operador externo", sentenciou.