Quinta, 28 Novembro 2024

O Brasil tem vocação natural para a cabotagem em razão dos seus mais de 7,4 mil quilômetros de litoral e 80% da população vivendo a 200 quilômetros da costa. Com estes fatores, a navegação costeira é a alternativa mais viável de transporte e parte fundamental da cadeia logística, reduzindo, principalmente, a dependência do modal rodoviário. Além disso, essa modalidade de transporte oferece ganhos de produtividade, competitividade, segurança e rastreabilidade para as cargas, além de proporcionar vantagens socioambientais. O potencial e vantagens da navegação costeira serão alguns dos temas abordados durante a Logistique - Feira de Logística e Negócios Multimodal, de 23 a 25 de outubro, Centro de Exposições Expoville, em Joinville (SC).

Aliança navegaçãoImagem: Divulgação

Cabotagem no Portogente
* Portopédia: O que é cabotagem
Antaq: uma barreira à cabotagem
* A história da navegação de cabotagem no Brasil
A cabotagem urgente

Pesquisas comprovam que o modal tem apresentado crescimento no País. O Consultor Leandro Carelli Barreto, da Solve Shipping Intelligence Specialists, diz que esse crescimento ocorre tanto nos volumes, quanto na qualidade dos serviços. “Atualmente essa modalidade da navegação opera com muitos navios recém construídos e com uma boa abrangência comercial ao longo da costa. Além proporcionar redução de custos com avarias, roubo de carga e pegada de carbono, o valor do frete é normalmente 30% inferior ao caminhão”, diz Barreto.

Segundo dados apresentados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), a cabotagem representa aproximadamente 20% do transporte aquático do Brasil e ainda há muito potencial a ser explorado. “Para cada contêiner movimentado na cabotagem, há seis outros, em potencial, atualmente no modal rodoviário”, garante o Diretor-geral da ANTAQ, Mário Povia. Hoje operam no Brasil a Aliança Navegação – controlada pelo gigante Maersk Group e líder absoluta no mercado; a Mercosul Lines – do armador CMA CGM, e a Log-In Logística Intermodal. Tem ainda a Companhia de Navegação Norsul, controlada pelo grupo Lorentzen, mas que transporta apenas commodities e carga geral.

O potencial para a cabotagem citado por Povia tende a aumentar ainda mais, alavancado pelo crescimento econômico brasileiro e pela migração de volumes dos caminhões para os navios. “Contudo, nos últimos trimestres o que tem puxado esse crescimento é o fato dos serviços de longo curso estarem operando no Brasil com navios cada vez maiores que, por sua vez, enfrentam sérias restrições para escalar muitos dos portos brasileiros. Com isso, acabam operando seus volumes em portos concentradores de carga, os chamados hub ports, que são conectados com às reais origens e destinos por meio dos serviços de cabotagem”, complementa Barreto.
Entraves

Mesmo diante do crescimento exponencial demonstrado pela navegação costeira desde 1999, quando os primeiros navios porta-contêineres dedicados à cabotagem começaram a operar no Brasil, segundo dados do Plano Nacional de Logística Integrada (PNLI-2015), hoje apenas 7% da movimentação de geral de carga se dá por essa via. “É muito pouco para um País que concentra cerca de 85% do seu Produto Interno Bruto (PIB) a menos de 200 quilômetros da costa. Penso que essa ‘cultura rodoviarista’ de muitas empresas, que demanda menos planejamento e oferece maior flexibilidade, é a maior obstáculo à cabotagem no Brasil”, diz o Consultor.

No entanto, segundo Barreto, “além da necessidade de quebrar paradigmas e mudar o mind set da empresas, ajudaria bastante se houvesse uma maior isonomia entre o transporte rodoviário e a cabotagem em termos de quantidade documentos demandados e custos de combustível. Enquanto o preço do diesel para os caminhões é subsidiado pelo governo, os navios pagam a cotação internacional.”

Outro entrave apontado pelo especialista é a regulamentação do setor, a cargo da ANTAQ e que só permite que operem por aqui navios brasileiros – construídos no Brasil ou importados novos, com o pagamento de quase 50% em imposto de importação – e com tripulação brasileira, o que acaba por se transformar em enorme barreira de entrada. “Existe atualmente um grande debate quanto aos efeitos positivos e negativos dessas barreiras e, entre os críticos, o maior argumento é que elas inviabilizam uma maior concorrência no setor. Por outro lado, os defensores da atual legislação alegam que abrir a cabotagem para os estrangeiros geraria competição e a consequente queda dos fretes, o que poderia reduzir sua atual abrangência comercial.”

Otimização Logística com a Integração perfeita entre os Modais

A Logistique, hoje considerada a segunda maior feira de logística do Brasil, desenvolverá em paralelo um amplo programa de palestras, oficinas, workshops e painéis para profissionais e empresários do setor. “Nosso objetivo é, além da Feira, oferecer uma programação que contemple os principais temas de interesse do setor e um programa altamente qualificado, com uma grade formada por especialistas que debaterão de forma ampla a temática do evento, que é Otimização Logística com a Integração perfeita entre os Modais”, acrescenta o Diretor da Logistique, Leonardo Rinaldi.

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

Deixe sua opinião! Comente!