Marcos Matos é Diretor Geral do Cecafé
Diante das recentes mudanças no cenário político brasileiro e da designação dos novos adidos agrícolas, o setor exportador de café verde brasileiro busca estabelecer um plano estratégico diante dos desafios de redefinir as ações na complexa e abrangente agenda de negociações comerciais, e priorizar as posições nas diversas mesas de negociação.
As exportações do agronegócio têm ajudado o Brasil a reduzir os déficits nas contas públicas. Dessa forma, a diplomacia deve buscar uma atuação firme, voltada à eliminação de burocracias que distorcem o mercado, e para a redução de custos tarifários para acessar novos destinos.
Nesse sentido, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) tem participado ativamente dos encontros com os novos acdidos, designados para a Argentina, África do Sul, Arábia Saudita, China, Coreia do Sul, Índia, México, Rússia, Vietnã e Tailândia, países estratégicos para o agronegócio brasileiro, na presença das autoridades fitossanitárias do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
As discussões envolveram as principais questões relacionadas ao acesso aos mercados e a redução da burocracia, com destaque a emissão de Certificado Fitossanitário (CF), uma prática comum na busca por novos compradores do café brasileiro.
A liberalização dos mercados no âmbito global é fundamental não só para o agronegócio nacional, mas para o futuro de toda a economia brasileira. Nesse sentido, o apoio do Cecafé às autoridades brasileiras, possibilitará maior alcance e competitividade do café verde no mercado internacional, O desafio primordial é a maximização dos benefícios, com a priorização das vantagens comparativas e competitivas, que resultem em avanços nas questões que reduzem a competitividade, como os custos logísticos e burocracias.
Em que pese as discussões sobre o posicionamento estratégico do agronegócio brasileiro frente ao mercado internacional, o país segue como um líder mundial na produção e exportação de café. A despeito dos entraves logísticos, como a ineficiente matriz de transportes, e a carência de investimentos em infraestrutura portuária e de armazéns, o setor exportador se mostra competitivo.
Nesse sentido, o Cecafé estabeleceu uma agenda bimestral com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq)com ênfase na completa publicação da Resolução 5.032 que dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários, dos agentes intermediários e das empresas que operam nas navegações de apoio marítimo, apoio portuário, cabotagem e longo curso, e estabelece infrações administrativas. Somado a isso, o Cecafé, por solicitação da Antaq, apresentará o panorama e a evolução das taxas e custos portuários, bem como de indicadores de desempenho dos terminais portuários e de armadores, a partir de um sistema recentemente criado para atender às demandas do setor exportador de café.
Como considerações finais, em 2010, um em quatro produtos do agronegócio em circulação no mundo era brasileiro. Já em 2030, segundo projeções do Mapa, um em cada três dos produtos será proveniente do Brasil, em função principalmente da crescente demanda dos países asiáticos.
Dessa forma, o comércio exportador deverá estar atento a todas as oportunidades de negociações de acesso a esses mercados, com o objetivo de ampliar o atual protagonismo do Brasil no mercado global de café. O Cecafé segue como principal parceiro do setor, com diversas diretrizes de gestão, como o objetivo de apoiar as autoridades brasileiras no processo de negociações comerciais, redução de burocracias e harmonização de medidas sanitárias e fitossanitárias.