João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical
No linguajar de Brizola a expressão acima, derivada das lides vaqueiras das estâncias, queria dizer vacilação ou traição iminente.
Não é este o caso do importante seminário organizado pelo Dieese e ouvindo destacados especialistas que reúne, durante dois dias, as centrais sindicais para discutirem as pretendidas reformas previdenciárias do governo.
Não é o caso porque as centrais, em seu esforço unitário de ação comum, já decretaram a palavra de ordem “Nenhum direito a menos”, que orientará os debates.
Não é o caso porque os especialistas convidados deverão explicitar, com dados e argumentações, o caráter negativo e contrário aos interesses dos trabalhadores da reforma.
Não é o caso porque, na agenda de eventos previstos pelas centrais, confederações, federações e sindicatos, já estão convocadas mobilizações, manifestações e protestos, como a grande manifestação no Congresso Nacional no dia 22 de fevereiro.
Trata-se, como é de se esperar das direções conscientes, de um esforço para “arrumar a cabeça” e melhorar nossa capacidade de comunicação com a base, bem como de “afinar a viola” nos duetos congressuais com deputados e senadores. Não é já a negociação em si, que depende, para seu maior êxito, da mobilização maciça dos trabalhadores agredidos hoje e no futuro.
Por seu lado, o governo e seus aliados também se organizam na Câmara, com a presidência da comissão especial entregue a um deputado que não teme o desprestigio e o desgaste porque foi expoente couraçado da tropa de choque de Eduardo Cunha e um relator já “experimentado” quando das discussões e votações da terceirização. O governo conta também com o beneplácito ativo dos empresários e da mídia que procuram criar clima favorável à reforma, aterrorizando a população.
Está engajada uma prova de força e de inteligência. De seu desfecho dependerá, e muito, a futura relevância social do movimento sindical dos trabalhadores.