José Luiz Tejon Megido, conselheiro fiscal do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e diretor do Núcleo de Agronegócio da ESPM
Trump e os Estados Unidos exportam incertezas, medo e aparência de recessão global, além de uma narrativa racial nacionalista e o agronegócio americano votou nisso tudo.
Então o nosso em parte cliente, em parte fornecedor, e em grande parte concorrente no agribusiness, Estados Unidos da América, agora promove mostrar fortes garras e dentes como competidor nesse MMA, Ultimate Fighting da comida, fibras, madeira, tabaco, bebidas, agroenergia, flores e frutas, camarões, caranguejos e tudo o que for extraído dos campos, rios e mares.
E como fica o agro brasileiro com este agora determinado, focado e obcecado competidor? Precisamos primeiro de confiança para os nossos produtores rurais. Dramas de insegurança jurídica com terras e invasões. Depois custos por leis incompatíveis com as realidades, como as trabalhistas no campo.
Devemos priorizar o crédito rural dentre outros recursos e desburocratizar, como o ministro Blairo Maggi já está buscando, para que mesmo dentro do caos infraestrutural e logístico, possamos melhorar a competitividade pós-porteira das fazendas, onde os Estados Unidos dão um show de eficiência.
Devemos como Mercosul definir uma agenda mínima e básica, inteligente para o enfrentamento das ondas da incerteza, medo, confusão, além das acelerações raciais nacionalistas que explodirão por aí e por aqui.
Brasil e Argentina reunidos têm um imenso poder no agronegócio mundial, além de dominarem a produção de alimentos desde a faixa equatorial do planeta até a ponta mais gelada do mundo, na Patagônia. Da Amazônia a Patagônia, segurança global de alimentos para um mundo em profunda insegurança e transformação. Seria genial esta proposição.
Dólar subindo, bom para o nosso agro que exporta, ruim para o que importa e para os custos da produção. Dessa forma, precisamos urgentemente de um plano de segurança da ciência e tecnologia brasileira tropicalizada. Essa sim é uma questão vital na guerra da inteligência secreta, ou seja, chamaremos de “Agronegócio Pesquisa Tropical”, tudo que está por trás do nosso agronegócio; do antes, do dentro, até o pós-porteira.