Alexandre Pavão é diretor de Vendas Estratégicas da LLamasoft, líder mundial em soluções de Supply Chain e tomadas de decisões. A empresa é responsável pela otimização das cadeias de suprimento de 24 empresas do Top 25 Gartner Supply Chain 2018
A indústria mundial está em acelerado processo de transformações tecnológicas e de modelos de negócios. Digitalização, Internet das Coisas (IOT), Inteligência Artificial, Machine Learning e Big Data são algumas das mudanças em curso que trazem inúmeros benefícios para empresas e consumidores ao redor do mundo. No Brasil, especificamente, percebemos que ainda existem muitos gargalos entre os avanços da indústria e as políticas internas que regem o sistema.
Um dos temas que têm repercutido bastante no mercado é a lei 13.703/18, referente ao tabelamento de fretes, que foi criada após a paralisação dos caminhoneiros em maio de 2018. A nova lei trouxe muitos impactos e controvérsias dentro do ambiente enonômico e prejuízos bilionários em setores como o agronegócio, por exemplo. Entidades do setor, como Abiove e Anec, estimaram perdas de R$ 500 milhões por dia durante a safra de soja. Para a economia como um todo, as perdas foram estimadas em R$ 53 bilhões, segundo estudo elaborado pelo economista Armando Castellar, da FGV.
Numa análise mais profunda e histórica do Brasil, podemos constatar que a nova norma é apenas a ponta do iceberg. De acordo com a pesquisa, ‘Custos Logísticos no Brasil’, realizada pela Fundação Dom Cabral (FGV), a malha rodoviária utilizada para o escoamento da produção no País é de 75%, seguida da marítima (9,2%), aérea (5,8%), ferroviária (5,4%), cabotagem (3%) e hidroviária (0,7%). Com isso, podemos constatar como fato que os governantes brasileiros não priorizaram adotar outros tipos de sistema de transporte, optando por projetos de curto prazo, o que gerou um grande impacto para o transporte nacional e total dependência do transporte rodoviário.
Decisões de gestores governamentais e empresariais em mais de 50 anos priorizaram os investimentos em rodovias e em veículos automotivos. Além disso, o combustível do transporte rodoviário é muito caro e sofre cotidianamente as oscilações internacionais, que são, muitas vezes, incontroláveis, imprevisíveis e repentinas. As variações do dólar e do preço do barril de petróleo também impactam diretamente no custo de tudo que se move no País, afetando toda a cadeia produtiva e, principalmente, em toda a economia brasileira.
Ainda segundo a Fundação Dom Cabral, as companhias gastaram, em média, 12,37% do seu faturamento bruto com custos logísticos no Brasil em 2017, como pode ser analisado no gráfico abaixo. E ainda: das 20 principais economias do mundo, o maior custo está no Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, as empresas despenderam 8,5% do faturamento e na China 10%.
Graças ao avanço tecnológico, muitas empresas já aplicam as inovações da Logística 4.0 em suas cadeias de suprimentos. As novas soluções trazem uma grande alavanca para o crescimento da eficácia operacional das empresas, contribuindo para o aumento da satisfação dos clientes, melhor gestão de estoques, redução de vendas perdidas e custo na cadeia, gestão de produção sustentável, entre outros. Ou seja, a integração de tecnologias de ponta e novos modelos de operação já são inevitáveis para a competitividade das empresas.
Neste cenário, o Brasil não conseguiu acompanhar o ritmo desta evolução na cadeia de suprimentos e nem considerou toda a complexidade bem conhecida na gestão da máquina do País. Hoje, podemos dizer que o Brasil já iniciou a superação da profunda recessão econômica e crise política.
Em 2019, as perspetivas para o crescimento da nossa economia são positivas. No Encontro Anual do Fórum Econômico Mundial (FEM), em Davos, na Suíça, foi apresentado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) uma expectativa de crescimento de 2,5% para este ano. O desempenho da indústria este ano também será melhor que em 2018. O Produto Interno Bruto (PIB) – a soma das riquezas produzidas no País em um ano - crescerá 2,7%. Mas, essas estimativas só se confirmarão se o novo governo fizer o ajuste nas contas públicas, avançar nas reformas estruturantes, como a previdenciária e a tributária, e adotar medidas para melhorar o ambiente de negócios, entre as quais estão a desburocratização, alerta a Confederação Nacional da Indústria.
Em meio a este cenário, as empresas precisam se adaptar à realidade brasileira e, ao mesmo tempo, acompanhar as tendências mundiais para se manterem competitivas e atenderem seus mercados com excelência. Atualmente, existem no mercado tecnologias robustas de tomada de decisão, que conseguem enxergar as necessidades das empresas, além de oferecer uma solução de ponta para que seus líderes possam tomar decisões assertivas, por meio dos diversos cenários enfrentados pelas complexas cadeias de suprimentos. Com essas soluções, organizações de diversos segmentos pelo mundo já obtêm como resultados grandes melhorias em custos, serviços, sustentabilidade e mitigação de riscos. Os clientes podem comprovar uma melhoria de 10% a 30% na acuracidade de suas previsões, já que contam com tecnologias de Machine Learning, modelo de reconhecimento avançado de dados e propriedade na nuvem com milhões de fatores causais externos.
Outra solução de destaque é o modelo conhecido como Digital Twin, capaz de combinar dados digitais e operacionais de ativos industriais com uma plataforma de software, simulação e análise para obter informações sobre operações presentes e futuras.Segundo pesquisa do Gartner envolvendo 24 organizações dos Top 25 Supply Chain de 2018, as empresas perceberam que, por meio da criação de um Digital Twin em sua cadeia de suprimentos, é possível unir análises mais avançadas ao seu sistema de planejamento de supply chain e modelos de funcionalidade, todos juntos em uma única plataforma centralizada. Dessa forma, a ferramenta promove uma visão muito mais completa das operações do supply chain e permite maior agilidade em momentos de incerteza.