Sérgio Benassi é permissionário na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e presidente do Novo Entreposto de São Paulo (Nesp)
Merece atenção das autoridades da área do abastecimento, a Agenda da Alimentação Urbana, que acaba de ser lançada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O estudo enfatiza a premência de boas práticas na redução do desperdício de comida, na promoção de dietas saudáveis e no fortalecimento das cadeias locais de produção.
Para São Paulo, maior cidade brasileira e uma das maiores do mundo, a publicação tem especial significado, pois o antigo Entreposto Terminal da Ceagesp, em Vila Leopoldina, está em total desacordo com as recomendações técnicas do organismo da ONU. A estrutura precária do local – em termos de logística, mobilidade interna, acessos externos, higiene, condições de exposição e venda dos produtos e segurança – há muito tempo tem causado o desperdício de alimentos, provocado demora no fluxo desde o produtor até a mesa do consumidor e enfraquecido a cadeia de abastecimento. Esta é mal atendida, em todos os seus elos, desde o produtor até o supermercado, passando por feirantes, pequenos e médios varejistas, restaurantes, hotéis e sacolões.
A Ceagesp é uma companhia pertencente ao Governo Federal. Por interveniência do Governo de São Paulo, que lançou chamamento público para avaliar um projeto capaz de substituir o velho entreposto, e da prefeitura paulistana, também interessada na questão, o problema ganhou foco político local. No entanto, a demora nas decisões está prejudicando toda a cadeia produtiva do abastecimento e, principalmente, o consumidor final, ou seja, a sociedade. O chamamento público, lançado no segundo semestre de 2017, deveria ter seu resultado anunciado em maio de 2018, mas lá se vai quase um ano. A União também não se manifesta e a prefeitura aguarda... É preciso, portanto, um entendimento entre as três esferas do poder público, de modo que seja adotada solução definitiva para o abastecimento na maior cidade brasileira.
Afinal, como enfatiza o novo relatório da FAO, é preciso engajar a segurança alimentar às cidades porque é nelas onde cada vez mais pessoas vivem, comem e trabalham. Na avaliação da agência da ONU, a urbanização está criando desafios sem precedentes para garantir que todos tenham acesso à comida, mantendo uma alimentação balanceada e preservando os recursos naturais e a biodiversidade do Planeta.
São Paulo, infelizmente, está na contramão dessas recomendações, pois o velho entreposto da Vila Leopoldina dificulta o abastecimento dos 12 milhões de paulistanos e 22 milhões de habitantes da Região Metropolitana. Portanto, precisamos, com urgência, de um novo entreposto, moderno, seguro e eficaz, que garanta à maior metrópole brasileira uma estrutura de abastecimento condizente com suas dimensões e alinhada ao que existe de mais avançado nos países desenvolvidos.