José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Conselho de Administração do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)
O Estado catarinense tem algumas singularidades que o destacam no cenário nacional. Uma delas é a questão sanitária. Em razão de um sério e perseverante trabalho dos produtores rurais, das agroindústrias e do Governo, Santa Catarina criou, manteve e aperfeiçoou um notável sistema de defesa e vigilância sanitária animal que, hoje, é um paradigma nacional com reconhecimento internacional. Santa Catarina tornou-se uma ilha de sanidade em todo o País porque, paralelamente à produção de alimentos cárneos, opera um avançado e competente sistema de vigilância, fiscalização e controle sanitário que monitora todas as fases da produção pecuária. Esse sistema foi estruturado arduamente e exigiu sacrifícios, investimentos, estudos e pesquisas da sociedade, tornando-se, portanto, um patrimônio dos catarinenses.
A excelência sanitária catarinense elevou-se com o reconhecimento de Santa Catarina como área livre de febre aftosa sem vacinação, em maio de 2007 pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE). Isso consagrou o Estado como centro mundial de excelência sanitária e permitiu a conquista de novos mercados. Na prática, o Estado já desfrutava dessa condição, mas a falta da chancela da instituição mundial causava prejuízos à economia catarinense. Em 2007, o Estado estava há 14 anos sem ocorrência de aftosa (hoje está há 26 anos) e há seis anos sem vacinação (hoje, 18 anos), configurando um status sanitário único no Brasil. Essa condição permitiu que os produtos catarinenses chegassem aos mais remotos mercados do globo, gerando milhões de dólares em divisas para o País e sustentando milhares de empregos no campo e na cidade.
Em maio de 2015, mais um importante avanço: a Comissão Científica da OIE reconheceu e certificou Santa Catarina como área livre de peste suína clássica (PSC). O último caso de PSC em território catarinense ocorreu em 1992 no município de Santo Amaro da Imperatriz e, desde 1994, o Estado é considerado área livre da doença pelo Ministério da Agricultura. Mas, também era preciso o reconhecimento internacional via OIE.
Para dar continuidade a esse esforço que tem o produtor e a indústria como protagonistas, assinamos em 2016 um acordo de cooperação técnica envolvendo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), os Sindicatos Rurais e o Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa) para instituir no território barriga-verde o programa de apoio ao produtor para sanidade agropecuária. A iniciativa consiste em disponibilizar nas regiões indicadas pela Faesc, por parte do Icasa, estrutura e mão de obra treinada para auxílio ao produtor no cumprimento das obrigações legais, especialmente aquelas relacionadas com a política de defesa sanitária animal. A atuação do Instituto – criado e mantido por todas as agroindústrias exportadoras de suínos de SC e presidido até 2018 pelo atual secretário da Agricultura Ricardo de Gouvêa – tem reconhecida importância na conquista e manutenção do status zoosanitário catarinense.
Geralmente não somos lembrados nos festejos pela conquista de importantes mercados – como Rússia, China, Japão, Estados Unidos ou Coreia do Sul, entre outros – mas a verdade é que essas conquistas se devem à interação dos elementos dessa tríplice hélice: produtor, indústria e governo.