Valmir Colodrão é diretor da Praxio, empresa de soluções voltadas para gestão das empresas de transporte rodoviário de cargas e passageiros
Se há uma atividade que faz o Brasil funcionar certamente é o transporte de cargas. Qualquer problema nessa área acarreta um efeito cascata que interfere em todos os setores, derruba os índices econômicos e traz prejuízos às pessoas. Diariamente acontecem atrasos nas entregas, avarias nas mercadorias ou até mesmo ações de criminosos que impactam a vida de uma determinada comunidade. É preciso encontrar formas de proteger esse serviço – ao mesmo tempo em que é otimizado e simplificado os processos para as transportadoras.
É nesse ponto que entra a averbação de cargas, um processo que assegura as mercadorias e evita problemas no caso de sinistro. Na prática, a empresa contrata um seguro no intuito de proteger o transporte de avarias ou roubo. Essa iniciativa é obrigatória por lei, que determina que toda carga deve ser assegurada e averbada independentemente do modal escolhido (rodoviário, ferroviário, hidroviário, marítimo ou aéreo). Como grande parte das entregas no Brasil é feita por caminhões, o seguro mais comum é o Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga (RCTR-C).
Contudo, apesar da obrigatoriedade legal, muitas organizações ainda não se concentram nessa prática e acabam realizando todo o processo de forma manual e sem a ajuda de tecnologia. Se o objetivo é assegurar a entrega, não faz sentido realizá-lo precariamente. Ao inserir dados manualmente em uma planilha ou arquivo, o colaborador está sujeito a equívocos ou enganos e pode não inserir alguma informação – o que eleva o custo operacional e derruba a produtividade. O ideal, portanto, é automatizar essa tarefa para garantir mais segurança e aumentar o desempenho.
Para isso, as transportadoras devem utilizar um TMS (Sistema de gestão de transportes, na sigla inglesa) e integrá-lo a um sistema EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados) que esteja no mesmo padrão do software utilizado na seguradora. Assim, é possível transmitir os dados com segurança e agilidade à empresa responsável pela averbação da carga a cada entrega realizada. Além disso, o gestor também é beneficiado, pois passa a ter mais tempo para verificar se as mercadorias foram acomodadas com segurança no veículo.
Ainda que não reduza os riscos de acidentes ou a ação de bandidos, a averbação eletrônica protege o embarcador e a transportadora de ter que arcar com qualquer gasto que resulte destes problemas. A ação também facilita o gerenciamento de riscos, minimizando os impactos de qualquer situação decorrente da entrega, melhora a segurança em todos os processos, reduz o prejuízo das empresas e elimina problemas com a fiscalização por comprovar a conformidade dos documentos referentes às cargas.
Em um cenário em que a tecnologia é dominante e as corporações precisam “fazer mais com menos”, é preciso automatizar todas as tarefas burocráticas e liberar os colaboradores a ocuparem posições mais estratégicas. No caso da averbação de carga, um item fundamental para as transportadoras, chega a ser um recurso obrigatório para se destacar em um mercado tão competitivo.