Fabrício Santos é gestor de oferta logística na Máxima Sistemas, companhia de soluções móveis para força de vendas, trade e logística para o setor atacado distribuidor
R$ 5,25 por litro é o preço mais caro da gasolina no Brasil, segundo pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizada durante o mês de agosto. O valor é de um posto localizado em Pará de Minas, em Minas Gerais, mas não é muito diferente da realidade dos grandes centros urbanos, onde estão a maioria das rodovias de escoamento.
Para se ter uma ideia, 60% dos custos logísticos de uma empresa são gastos com processos de entrega. Deste montante, 15% a 20% são destinados apenas para o combustível, conforme levantamento da Fundação Dom Cabral.
Diante destas estatísticas, se crê que a disparada no preço do combustível não influencia só nos custos diretos que acarreta às distribuidoras e às empresas de transporte. A alta do combustível impacta no aumento do preço dos fretes, sem contar ainda que desencadeia em outras variáveis, como o preço do alimento e do transporte urbano. É uma roda que começa com a ampliação do custo de transporte e passa pelos custos de produção, finalizando no empresário, que não tem outra saída a não ser subir o preço do seu produto final para compensar todas estas inflações.
A proporção não é exata, mas o aumento do combustível para o consumidor e para uma empresa tem peso significativo em seus custos. Afinal, com menor ou maior intensidade, prejuízo é prejuízo em qualquer bolso. Mas no setor atacadista distribuidor o caos é ainda maior.
Umas das molas propulsoras da nossa economia, o atacado distribuidor é muitas vezes o pulmão de supermercados, farmácias, perfumarias e outros tantos pontos varejistas. Só há produtos, se tem produção e, principalmente, se tem entrega. Se algum processo não flui dentro da cadeia de abastecimento, pode ter certeza que o consumidor, a ponta final deste elo, sentirá duramente os impactos, seja em não ter o seu produto predileto na gôndola ou seja na elevação do preço da mercadoria. Grande exemplo disso foi a falta de itens durante a greve dos caminhoneiros.
Lembro de ver reportagens durante a paralisação, em maio, dizendo que o Ceasa, do Rio de Janeiro, tinha recebido apenas 75 dos 340 caminhões que deveriam realizar entregas para os mercados da cidade. A matéria também abordava o preço da saca de 50 quilos de batatas, saltando de R$ 70 para até R$ 300, valor quase quatro vezes mais do que o habitual.
Tal fato ilustra como a parte dos serviços de distribuição impactam em diversos setores da economia. Cito um fato sazonal, gerado por conta de uma greve, mas que pode se tornar corriqueiro se depender da elevação do preço da gasolina.
Nestas horas, otimização logística é tudo, tornando-se uma boa alternativa para contornar os efeitos da inflação da gasolina. O replanejamento de rota é uma destas opções para dar mais eficiência na entrega. O controle por meio de geolocalização também é outra inciativa bem-vinda para acompanhar de perto o trajeto e o trabalho dos motoristas. Por proporcionar um acompanhamento mais próximo das atividades do motorista, uma tecnologia que faz roteirização é um recurso a mais para mensurar os gastos com combustível. Tudo porque o sistema monitora toda a rota de entrega via GPS dos smartphones.
Segundo dados da pesquisa Visão Geral de Fretes, realizada pela ABRALOG (Associação Brasileira de Logística), as empresas desejam ter mais tecnologia de controle e redução, o que trará retorno do investimento, automaticamente. Tendo o controle da frota nas mãos, haverá mais economia de combustível e efetividade na entrega. Um respiro no meio de tanta inflação que corrói a saúde financeira da área logística de muitas empresas. Afinal, não está muito longe das bombas nos postos de combustíveis de todo o Brasil virarem uma espécie de Pará de Minas. Só a tecnologia poderá nos salvar!