Quinta, 21 Novembro 2024

Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o porto de Santos, anunciou que pretende até o final do ano apresentar um novo projeto para a remodelação da área do Valongo, entre os armazéns 1 e 8, que, construídos ainda no século XIX, estão abandonados há mais de duas décadas. Espera-se que não seja mais um anúncio semelhante àquele que o então governador José Serra fez, em 2010, prometendo a construção de uma ponte estaiada de 4.490 metros entre Santos e Guarujá, à entra da do canal do estuário, na altura da Ponta da Praia e do ferry boat, ao custo de R$ 700 milhões.

Aliás, o projeto a ser anunciado pela Codesp já é o segundo que prevê a remodelação da área. Como se sabe, durante a administração do prefeito João Paulo Papa, foi anunciado, em 2012, o projeto Porto Valongo Santos, desenvolvido pela empresa Ove Arup & Partners, que previa a criação de um centro de lazer, com terminal de passageiros, centros científico e oceanográfico e outras unidades públicas.

O projeto previa ainda a construção de um “mergulhão”, uma passagem subterrânea com 1.130 metros para veículos leves e caminhões, como parte da segunda etapa da Avenida Perimetral, que liga o bairro do Saboó, à entrada da cidade, ao Paquetá. Mas, ao que parece, em função do custo da obra – mais de R$ 1 bilhão –, o governador Geraldo Alkmin abandonou o projeto, a exemplo do que fez com aquele que previa a construção da ponte estaiada na Ponta da Praia.

Diante disso, é difícil acreditar que a nova proposta para a remodelação da área do Valongo venha a sair do papel. Ou seja, é possível que recursos públicos venham a ser desperdiçados mais uma vez com estudos técnicos e a elaboração do projeto, a exemplo daqueles citados anteriormente. Seja como for, o que se sabe é que o novo projeto deve contemplar a ampliação da área ferroviária e, ao mesmo tempo, preservar os velhos armazéns, a exemplo que foi realizado em Buenos Aires, na área conhecida como Puerto Madero, que hoje conta com um complexo que abriga restaurantes, museu e um conjunto de edifícios comerciais e residenciais.

Mais: a Rumo, concessionária do transporte ferroviário no porto santista, pode assumir a construção de um pátio com 13 linhas férreas, que viria a eliminar o conflito rodoferroviário que existe na área em frente ao antigo Armazém 1. A ideia do “mergulhão” parece que foi abandonada e, em troca, seriam erguidas duas passarelas para pedestres, com o fim do atual estacionamento de caminhões em frente ao Museu Pelé, que seria substituído por outro, mas subterrâneo.

Não se pode também deixar de incluir no projeto a remodelação da entrada de Santos que dá acesso ao porto, pois, em várias ocasiões, neste começo de 2018, tem-se vivido uma situação caótica, com alagamentos e inundações, que vêm provocando congestionamentos gigantescos desde a Via Anchieta. Com isso, são incalculáveis os prejuízos causados às empresas importadoras e exportadoras e à toda a comunidade que vive em função do comércio exterior, afetando sensivelmente a economia do País.

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