A Louis Dreyfus Commodities Bioenergia, empresa brasileira do grupo francês Louis Dreyfus, e fechou os termos da aquisição das atividades de açúcar e álcool do Grupo Tavares de Melo. O negócio envolve a transferência em curto prazo das unidades produtoras Usina Estivas (RN), Agroindustrial Passa Tempo (MS) e Usina Maracaju (MS), além da destilaria autônoma de álcool Giasa (PB) e a Usina Esmeralda (MS), que está no início da sua construção. Com isso, o Tavares de Melo deixa o setor sucroalcooleiro, responsável pela maior parte do seu faturamento e no qual o grupo começou suas atividades, em 1920. A negociação deverá ser concluída até o dia 20 de março.
Para o Grupo Tavares de Melo, a decisão de vender seus ativos industriais do setor sucroalcooleiro deve-se a um realinhamento de negócios.. “Após décadas de relacionamento comercial entre os grupos, a parceria continuará por meio do arrendamento de terras para plantação de cana, já que as propriedades agrícolas não foram incluídas na negociação”, diz Carlos Tavares de Melo, diretor-presidente da área de açúcar e álcool do grupo.
Organização pernambucana e com 87 anos de existência, o GTM atua em quatro ramos de negócios: sucroalcooleiro, embalagens - no qual mantém duas fábricas no RN -, calçados e combustíveis. Com faturamento de cerca de R$ 1 bilhão em 2006, o Grupo é familiar e tem o capital fechado. Suas unidades em quatro estados empregam aproximadamente 7 mil funcionários, podendo chegar, no período de safra, a 12 mil pessoas. Na safra 2006/2007 as filiais da Tavares de Melo Açúcar e Álcool S/A produziram até janeiro deste ano mais de 8 milhões de sacos de açúcar e cerca de 185 milhões de litros de álcool.
LD Commodities tem planos de expansão
Com essa aquisição, a LD Commodities passa a ocupar a segunda posição no ranking brasileiro de produção de açúcar e álcool, com grande potencial de crescimento nos próximos anos. “A aquisição das quatro unidades industriais faz parte da decisão do grupo de investir no setor sucroalcooleiro, principalmente diante das projeções de alta demanda de etanol nos mercados doméstico e internacional. A qualidade dos ativos e da gestão do Grupo Tavares de Melo também foi fundamental para a conclusão do negócio”, explica Bruno Melcher, diretor-executivo da empresa.
A LD Commodities passa a produzir também algumas variedades especiais de álcool para as grandes indústrias dos setores farmacêutico e de bebidas, além de ter fortalecida sua posição no comércio varejista de açúcar das regiões Nordeste e Centro-Sul, onde são distribuídos os produtos das marcas Estrela, Estivas e Dumel. Já a partir desta safra, dobra a capacidade de processamento de cana-de-açúcar da LD Commodities. “Neste ano, processaremos 11,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Em 2009, devemos moer 18,5 milhões de toneladas em oito unidades industriais.. Além disso, as plantas de Mato Grosso do Sul terão sinergia com a nova usina da LD Commodities que está sendo construída no Estado e deve ser inaugurada em 2008”, comenta Melcher.
Usina da Tavares de Melo está no Estado desde 1970
Presente no Rio Grande do Norte há 37 anos, a Usina Estivas é a maior do estado e é responsável por 26% da moagem das quatro usinas do grupo Tavares de Melo. A fábrica processou 1,43 milhão de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2006/2007. A previsão é que, no próximo período produtivo, que se inicia em agosto, esse volume cresça para 1,8 milhão. Outra área movimentada pelo GTM no Rio Grande do Norte é a de embalagens, através da Sacoplast e Nordenia, fabricantes de sacos de prolipropileno e de Big Bags. Somente a primeira tem uma produção acumulada de 83,8 milhões de sacos. Este segmento, entretanto, não faz parte da negociação.
Mesmo com a venda da Usina Estivas, a importância da empresa para o estado deverá se manter. Em relação aos empregos, por exemplo, o diretor-presidente da área de açúcar e álcool do GTM, Carlos Tavares de Melo, diz que a LD Commodities “deixou claro” a manutenção dos postos de trabalho. Segundo ele, provavelmente deverão ser criadas novas vagas, uma vez que a empresa com origem francesa tem planos de expansão. Atualmente, a Estivas gera cerca de 3 mil diretos por safra.
Ele ressalta que as terras não estão inclusas na venda e serão arrendadas por 17 anos. A Estivas tem cerca de 20 mil hectares em plantação de cana-de-açúcar no estado. Segundo o diretor, agora foi formulado o memorando de intenções, com detalhes como valor do negócio, o qual Tavares de Melo preferiu não divulgar. Ele espera que a transação esteja concluída até o dia 20 de março. Até lá, as usinas passarão pelos processos comuns a este tipo de venda, como auditorias e elaborações de contratos.
Tavares de Melo informou ainda que o setor de álcool e açúcar da companhia faturou, nos quatros estados onde o GTM está presente, cerca de R$ 600 milhões para o grupo em 2006, aproximadamente 60% do total. Porém, ele disse que ainda não foi definido o que em que o GTM investirá quando tiver em mãos os recursos da venda.
Fonte: Tribuna do Norte - 16 FEV 07