Quarta, 08 Mai 2024

Biodiversidade de algumas áreas de Minas Gerais já estão prejudicadas com a espécie. O plantio do eucalipto em projetos de exploração sustentável está causando passivos ambientais no Brasil. Algumas áreas do norte de Minas Gerais já estão comprometidas, segundo o professor de Ecologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Wilson Fernandes. A condição impõe um dilema ao estado, pois os subprodutos do eucalipto já ocupam a terceira posição na pauta de exportação mineira.
Depois de São Paulo e Bahia, Minas Gerais é o estado que mais possui áreas de reflorestamento com eucalipto. São 167,5 mil hectares no estado, segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Abracelpa), o que equivale a 13,3% da área total do Brasil, que é de 1,2 milhão de hectares.

No estado mineiro, a cultura do eucalipto se expande de forma acelerada. Em 2000, a área plantada era de 40 mil hectares, extensão que em 2005 já era quatro vezes maior - 161 mil hectares.

O professor da UFMG define o cultivo dessa espécie no estado como "um desastre" do ponto de vista ambiental. A essência do problema está na limitação do sistema à monocultura, de acordo com Fernandes. "A biodiversidade fica limitada, pois poucas espécies conseguem se desenvolver ao redor do eucalipto. Parte desse efeito se deve à grande capacidade do eucalipto de absorção de água do solo, o que causa um ambiente mais seco. "Isso gera um grande impacto ecológico e até mesmo estético", defende o especialista.

A maior parte da produção mineira de eucalipto é destinada à fabricação de carvão vegetal, matéria-prima do ferro fundido. Esse produto é o terceiro mais exportado por Minas Gerais. Foram US$ 560 milhões de vendas externas entre janeiro e novembro de 2006.

Posição contestada
O engenheiro florestal, Henrique Lorenção, contesta que o eucalipto represente um risco ambiental. Segundo ele, não há estudos científicos que comprovem a tese de que a espécie consuma água e nutrientes acima da média. "O milho e o feijão, que também são cultivados no sistema de monocultura em grandes extensões, absorvem mais nutrientes que o eucalipto", exemplifica Lorenção.

Ele entende que a espécie é um mal necessário, pois reduz a pressão de retirada da floresta nativa. "Se não fosse o plantio comercial dessa árvore, a pressão seria bem maior que a existente hoje", pondera. Ele aponta como grande problema dessa monocultura o aparecimento de pragas, como a formiga. "Se deixarmos uma floresta abandonada por 30 anos, essa praga tem potencial de exterminar as plantas", alerta. Ele reforça que o plantio de eucalipto não pode ser encarado como um problema ambiental.

O engenheiro agrônomo do Instituto Capixaba de Pesquisa e Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Miguel Ângelo Aguiar, também apresenta alguns pontos positivos da árvore. Segundo ele, apesar de o eucalipto absorver um volume grande de água, permite, por outro lado, a infiltração da chuva e a menor evaporação da água do solo por causa do sombreamento.
Além disso, Aguiar destaca que há normas ambientais que favorecem o aspecto ecológico do cultivo da espécie. Não é permitido, por exemplo, o plantio do eucalipto em áreas de preservação permanente, como margens de córregos, topo de morros, cabeceira das nascentes e área com declividade acentuada. Ainda, toda área de eucalipto no estado capixaba precisa ter 20% de área de reserva legal, conforme destaca Aguiar.

O argumento é rebatido pelo professor da UFMG. Ele adverte que há, sim, plantações de eucalipto em áreas nativas e que a fiscalização, muitas vezes não é feita de forma correta. "Esta invasão compromete todo o sistema. Além das plantas, os animais também não se adaptam, como alguns pássaros, que não conseguem fazer os seus ninhos nas árvores de eucalipto".
Fernandes pondera, entretanto, que a espécie teve sua importância para a preservação ambiental. Trazido da Austrália e cultivado desde o início do século passado, o eucalipto vem sendo utilizando na produção de dormentes para trilhos ferroviários e para mover as "marias-fumaças". Mais tarde foram usadas para instalação de postos de eletricidade. "É inegável que a espécie teve um importante papel na preservação do meio ambiente, uma vez que seu cultivo contribuiu para poupar florestas naturais por se tratar de uma árvore de crescimento rápido", explica Fernandes.

Bastam sete anos para se obter madeira de boa qualidade a partir do eucalipto, enquanto que uma árvore nativa leva dezenas de anos para chegar a tal finalidade, completa Aguiar.

As áreas de eucalipto em São Paulo, maior produtor nacional da espécie, somam 343 mil hectares. As da Bahia, o segundo colocado, de 319 mil hectares.

Fonte: Gazeta Mercantil . 29 JAN 07

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