Os produtores brasileiros de leite e seus derivados vão tentar se aproximar do mercado internacional em 2007 para salvar os resultados do setor. O aumento das exportações de lácteos é aposta do presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Rodrigo Sant’Anna Alvim.
A alta no preço do leite em pó no mercado externo é a maior justificativa. A tonelada de leite em pó, vendida a US$ 2.000 no final de 2005, encerrou 2006 cotada a US$ 3.000. O dólar praticamente não se alterou no período.
O outro argumento, informa Alvim, é a necessidade de buscar fora do país resultados que dificilmente serão atingidos no mercado interno. Hoje, o Brasil exporta entre 1% e 2% da sua produção anual, estimada em 25,7 bilhões de litros.
A venda de leite para outros países aparece como uma alternativa para o pouco movimentado mercado brasileiro. Há dez anos, o consumo per capita no país se mantém estagnado em 130 litros anuais.
Sobra para exportar, mas o Brasil recebe muito leite em pó estrangeiro, originário principalmente da Argentina e do Uruguai. Em 2006, a balança pesou mais favoravelmente para os outros países. As importações de lácteos somaram US$ 150 milhões, enquanto as exportações foram menores – de US$ 140 milhões.
“Nossa expectativa era exportar US$ 300 milhões, mas não foi possível, devido à crise e ao dólar desvalorizado”, justifica Rodrigo Alvim. Os anos de 2004 e 2005 foram os únicos na história do país superavitários na exportação de leite e derivados.
Antes, a situação era tão desfavorável que o país chegou a ter, em 1998, importações de US$ 511,7 milhões, contra exportações de US$ 8,1 milhões. Apesar da alardeada crise agrícola em 2006, o ano foi melhor do que 2001 para os pecuaristas de leite, quando foi grande o prejuízo para o setor.
Na época, revela o representante dos produtores, a venda de um litro de leite não dava para custear um saco de ração. Minas é o primeiro produtor de leite do país, com 30% da atividade em âmbito nacional. Sem reação do consumidor brasileiro, os produtores procuraram a exportação e acabaram descobrindo que o leite brasileiro é competitivo.
Os destinos são variados, com maior representatividade para Argélia, Estados Unidos, Angola, Venezuela e Coréia do Sul. Outro incentivo para aumentar os ganhos dos produtores de leite virá com uma campanha de marketing, que deve sair neste ano.
O dinheiro para a propaganda deve vir das indústrias e dos produtores do setor. “Vamos dizer que o leite faz bem à saúde e defender o setor dos que dizem que ele faz mal."
Minas ganha nova usina de processamento
Conceição do Mato Dentro, na região Central de Minas, terá sua primeira usina de processamento de leite. A indústria receberá investimentos de R$ 1 milhão, que sairão dos cofres da própria prefeitura.
Segundo o prefeito da cidade, Sebastião Soares dos Santos, a unidade de processamento foi a solução para a atual dificuldade por que passam os pecuaristas de Conceição do Mato Dentro. “É a única maneira de consumir o leite, porque hoje não existe possibilidade de aumentar a produção.”
Santos revela que a implantação da unidade poderá elevar a produção atual do município de 30 mil litros/dia para 70 mil l/dia. Estudo feito pela administração municipal mostra que o litro do leite pode ter valorização de até R$ 0,20.
Assim como as outras cidades da região, Conceição do Mato Dentro concentra grande número de pequenos pecuaristas, operando em sistema de agricultura familiar.
“Atualmente, é muito comum a venda na rua, em latões, mas queremos acabar com isso por questão de saúde.” O novo negócio deve ser gerido pela cooperativa de produtores rurais em regime de comodato. O terreno foi cedido pela prefeitura.
Fonte: O Tempo - 18 JAN 07
