Sábado, 27 Abril 2024

Os acordos entre a indústria de suco de laranja e os produtores estão se espalhando. Depois de a Cutrale ter anunciado, no final do ano passado, um acerto com os citricultores, agora é a vez da Coinbra, grupo francês que atua no segmento de industrialização, comercialização e exportação de frutas cítricas, que assinará, até o final deste mês, um acordo com os produtores.

O acerto visa garantir um preço mínimo por caixa de laranja e foi confirmado ontem por Antônio Egídio Crestana, presidente da mesa de Citricultura da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) e presidente do Sindicato Rural de Campinas.

De acordo com Crestana, o acordo da Coinbra vai estipular o preço mínimo de US$ 4,00 por caixa de 40,8 quilos da fruta. “Torço para que as partes cheguem a um consenso formal, no máximo, até o dia 25 de janeiro, para assim resolver essa questão. Creio também que as cláusulas serão as mesmas do acordo assinado entre a Cutrale e a Faesp em 20 de dezembro”, afirma Crestana.

Caso isso aconteça, será calculada a média de preços do suco em Nova York ao longo da safra. Desse valor, será subtraído US$ 1,38 por libra-peso e a diferença será dividida igualmente entre a Coinbra e os produtores, na proporção do rendimento de suco por caixa e do número de caixas entregues por cada produtor.

As negociações entre os produtores de laranja e as empresas do setor começaram em setembro de 2006, quando os citricultores reivindicavam reajustes nos contratos de fornecimento com preço fixo firmado antes dos furacões que devastaram os pomares da Flórida nos últimos dois anos e que elevaram a cotação do suco no mercado externo.

Ainda segundo Crestana, a tendência é a de que as outras empresas do segmento sigam os mesmos passos dados pela Cutrale e, possivelmente, pela Coinbra.

“Existem companhias, como a Citrosuco e a Citrovita, que estão trabalhando com a mesma política de negociação, firmando contratos trianuais com um preço de US$ 3,50 no primeiro ano e de US$ 6,00 no último ano. É uma prática exigida pelo mercado”, afirma. A perspectiva do executivo é a de que a adesão de outras empresas promova cerca de US$ 200 milhões a mais na renda dos produtores.

Em julho passado, a Secretaria de Direito Econômico (SDE) propôs aplicar uma multa de R$ 100 milhões às indústrias para encerrar um processo por formação de cartel na compra de laranja.

Os produtores e as próprias empresas estavam tendendo a aceitar a proposta, quando em novembro, o Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade) decidiu que o acordo entre SDE e as indústrias era inconstitucional. Na opinião de Crestana, o Cade em nada tem a ver com as negociações.
“Não existe nada de inconstitucional no que está sendo discutido entre as partes. Trata-se apenas de um acordo comercial e plenamente legal entre os citricultores e as indústrias do setor”, completa.

Incertezas com acordo
Para Flávio de Carvalho Pinto Viegas, presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), esses acordos entre as empresas do setor e os produtores de laranja devem ser vistos com cuidado. “Sei de produtores que estão sofrendo exigências da Cutrale que não estavam determinadas no acordo firmado entre a empresa e a Faesp”, diz Viegas.

Segundo ele, a Associtrus tem mais de 100 registros de produtores alegando estarem enfrentando dificuldades nas negociações junto à Cutrale.

É o caso de Alan Kenji Minowa, citricultor da região de Mogi-Guaçu (SP) que tem atualmente mil hectares de terra cultivada. De acordo com o produtor, a Cutrale fez a ele várias exigências, como assinar um contrato adicional de um ano a um preço de US$ 4,00 a caixa, além do trianual já previsto.

“Também me exigiram que, ao término do primeiro ano, eu entregasse 30 mil caixas extras ao preço de contrato. O problema é que o preço da caixa firmado no contrato é de US$ 3,00, enquanto que o preço atual chega a US$ 7,00”, afirma Minowa. Ainda segundo Minowa, a descapitalização de boa parte dos citricultores é usada como meio de chantagem pelas empresas. “Devido ao alto endividamento, a grande maioria dos produtores se vê obrigada a aceitar as condições impostas pela Cutrale, já que não consegue custear a produção“, completa. A empresa nega problemas no acordo firmado.

Fonte: DCI - 17 JAN 07

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