Quinta, 02 Mai 2024

Quem quer entender o que está acontecendo com o capitalismo brasileiro deve conhecer pessoas como o engenheiro Patrice Etlin, de 43 anos. Etlin trabalha em um escritório de 200 m2 com oito funcionários - incluindo duas secretárias - no bairro do Itaim, em São Paulo. Seu poder, porém, vai muito além de seu discreto ambiente de trabalho. Ele controla - ou já controlou - nove empresas, com 22 mil empregados e faturamento de R$ 1,5 bilhão por ano.

Etlin é o principal executivo no Brasil do fundo americano Advent, especializado em investimentos de private equity, ou seja, em comprar participações em empresas promissoras. Se o símbolo do capitalismo no Brasil foi durante muitos anos capitães da indústria, como Antônio Ermírio de Moraes, ou banqueiros, como Olavo Setúbal, sua cara mais atual é a dos administradores de fundos de private equity, como Etlin.

Os números dão uma dimensão da nova tendência da economia brasileira. Desde o início da década, os fundos de private equity investiam, em média, de R$ 300 milhões a R$ 500 milhões por ano no Brasil. Em 2006, chegaram a R$ 1 bilhão e, em 2007, estima-se que devem movimentar o dobro. Eles estão por trás de alguns dos principais negócios do País, da empresa ferroviária ALL à indústria de cosméticos Natura, passando pela companhia aérea Gol.

EVOLUÇÃO

O que explica o boom de investimentos são tendências internacionais e razões próprias do Brasil. Há um excesso de dinheiro em circulação no mundo em busca de oportunidades. Só nos mercados emergentes, o caixa dos fundos de private equity foi multiplicado por sete em três anos e ultrapassou US$ 22 bilhões em 2006, segundo a associação de private equity de países emergentes (Empea).

No Brasil, as reformas do mercado de capitais viabilizaram mais negócios, facilitando a venda das companhias na Bolsa de Valores - onde os fundos de private equity podem revender as empresas que compraram. 'Está acontecendo uma mudança quase revolucionária no mercado de capitais brasileiro', diz o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.

Sócio da administradora de recursos Gávea, Armínio também faz parte dessa transformação. Ele tem um fundo de private equity que já participou da compra de parte da companhia aérea BRA. Com US$ 300 milhões em caixa, já tem três outros negócios engatilhados.

Os fundos de private equity funcionam como uma alavanca financeira e administrativa para as empresas. Eles recebem investimentos financeiros de fundos de pensão, administradores de recursos e seguradoras e aplicam esse dinheiro na compra de participações ou do controle de empresas com grande potencial de crescimento.

Se tudo der certo, a companhia ganha fôlego financeiro, novas idéias de gestão, cresce, compra concorrentes, se valoriza e é vendida ou abre capital, trazendo grandes lucros aos investidores financeiros.

Essa engenharia faz girar a roda dos negócios. No ano passado, os fundos de private equity foram um dos principais responsáveis pelo aumento de 44% no número de fusões e aquisições no Brasil. 'Esses fundos devem voltar a puxar o número de negócios no Brasil em 2007. Eles estão mudando a cara do capitalismo no Brasil', diz Raul Beer, sócio da PriceWaterhouseCoopers, que realiza um estudo trimestral sobre fusões e aquisições no País.

O fundo mais poderoso é também pioneiro nesse mercado. Criado por ex-sócios do Banco Garantia, a GP Investimentos abriu seu primeiro fundo em 1994 com US$ 500 milhões. Desde então, já investiu mais US$ 1,1 bilhão em empresas como Telemar, ALL Logística, Submarino e a construtora Gafisa.

O caso da Gafisa é exemplar. A GP pegou a empresa em crise financeira em 1997, investiu R$ 78 milhões, aplicou sua receita de gestão - baseada em meritocracia, corte de custos e foco no negócio principal - e multiplicou por quinze a receita anual da companhia. No ano passado, a Gafisa vendeu suas ações na Bolsa e a GP obteve um retorno cinco vezes maior do que o investimento.

Esses investidores estão mais interessados em casos como o da Gafisa do que no crescimento do PIB. 'O Brasil pode não ser a China ou a Índia, mas tem setores que crescem 15% a 20% ao ano. E é isso que atrai os investidores', diz Marcus Regueira, presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap).

Fonte: O Estado de S.Paulo - 15 JAN 07

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