Terça, 23 Abril 2024

Trator produzido no País é vendido até 26% mais barato aos agricultores do vizinho Uruguai. A máquina é brasileira. Mas quem paga mais barato são os produtores argentinos, chilenos e uruguaios. Estes últimos chegam a pagar valores 26% inferiores por um trator brasileiro de alta potência. A tributação e redução da margem de lucro de fabricantes e concessionárias ajudam a explicar essa incômoda diferença com os concorrentes do Brasil no Mercosul.

O diretor de marketing da fabricante de tratores Valtra do Brasil, Leandro Marsili, explica que no Uruguai, por exemplo, não há o imposto para entrada do maquinário e nem sobre a venda de mercadorias, que seria equivalente ao Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) do Brasil. "Apenas pagamos uma taxa de aduana de 8%", detalha Marsili.

Assim, naquele país, um trator da fabricante com potência de 140 a 170 cavalos pode custar 26% menos ao produtor uruguaio do que ao brasileiro, localizado em São Paulo, onde a alíquota de ICMS é zero. Em estados onde há essa taxação, o percentual, evidentemente, é menor. "Nestes casos, a conta deve ser feita subtraindo-se os pontos percentuais equivalentes à alíquota estadual", ensina. Dessa forma, os ruralistas dos estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte são taxados em 4,1%, ou seja, pagam 21,9% a mais do que os produtores do Uruguai. Os da região Sul, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro recolhem 7%, portanto, são onerados em 19%.

Na comparação com os chilenos, os produtores brasileiros (base SP) chegam a pagar até 20% a mais por um trator de alta potência, percentual que alcança 14% no caso de o maquinário ter entre 75 e 140 cavalos.

Nessa situação, segundo Marsili, a tributação não tem tanto peso. O que ocorre é que no Chile esse mercado é altamente concorrido, onde o Brasil disputa com produtos europeus, principalmente. "Então, o diferencial está na redução da margem de lucro das concessionárias locais, que precisam baixar preço para não perderem vendas", justifica o diretor. Ele ressalta que todos os cálculos apresentados pela Valtra se referem a preços informados pelas concessionárias que, de fato, têm o controle sobre o valor final ao consumidor.

Segundo Marsili, a desvalorização do dólar frente ao real fez com que as fabricantes também tivessem que reduzir suas margens de lucro no mercado externo para tentar competir com as empresas desses países.. Somente em 2006, as vendas da Valtra Brasil ao exterior caíram 49% em relação a 2005. Perdas que foram, em parte, compensadas pelo mercado interno da fabricante, que cresceu 7%, graças à cana-de-açúcar, cultura em que os tratores da empresa tem 60% participação.

Mas, quanto os produtores brasileiros perdem em competitividade por conta dessas diferenças de preços de maquinários? O valor do maquinário pode não ser o principal, mas certamente, tem um peso importante na composição dos custos de produção. De acordo com Carlos Cogo, da Cogo Consultoria Agroeconômica, é nas culturas do arroz e do milho onde há maior impacto.

Em uma propriedade rizicultora localizada em Itaqui, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, o custo de produção total estimado para a próxima safra é de R$ 2.815,21 por hectare (ha). Deste valor, R$ 162,39 é com a depreciação do maquinário, o que corresponde a 5,7%. Na soja, esse percentual representa 3,9% para uma propriedade localizada em Primavera do Leste, Sul de Mato Grosso. Para o milho, o valor é de 5,4%, considerando uma área em Campo Mourão, no Oeste do Paraná.

"É preciso considerar ainda que a renovação da frota de maquinário ocorre em, no máximo, 10 a 11 anos. Diferente do que ocorria há alguns anos quando o produtor ficava mais de 20 anos com uma mesma unidade", pondera Cogo.

Paulo Garcia é rizicultor em Dom Pedrito, no Rio Grande do Sul, e em Virindarte, no Norte do Uruguai. Ele garante pagar no país vizinho até 30% menos pela mesma máquina agrícola que no Brasil. Mas não considera que as vantagens do custo de produção no Uruguai se limitam aos preços dos maquinários. As terras e os arrendamentos têm valores menores além dos defensivos e da própria carga tributária mais baixa. No entanto, não considera que essas vantagens estejam consolidadas. "A instabilidade de câmbio existe nos dois países. Além disso, se você quebra no Uruguai, tomam tudo o que você tem. O governo não socorre o produtor, como acontece aqui", avalia.

Fonte: Gazeta Mercantil - 05 JAN 07

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s
Deixe sua opinião! Comente!
 

 

 

banner logistica e conhecimento portogente 2

EVP - Cursos online grátis
seta menuhome

Portopédia
seta menuhome

E-book
seta menuhome

Dragagem
seta menuhome

TCCs
seta menuhome
 
logo feira global20192
Negócios e Oportunidades    
imagem feira global home
Áreas Portuárias
seta menuhome

Comunidades Portuárias
seta menuhome

Condomínios Logísticos
seta menuhome

WebSummits
seta menuhome