Final de ano com movimento intenso leva as empresas a projetar um 2007 de bons negócios. O transporte rodoviário de cargas teve um dezembro brilhante. Os caminhões rodaram lotados. A situação decorreu de um fenômeno atipico com a demanda puxada principalmente pela reposição dos estoques. "De maneira geral, os setores químico, de celulose e de alimentos e bebidas estão bastante aquecidos para essa época do ano", diz Helio Mathias, diretor comercial da Ouro Verde Transportes e Locação Ltda., de Curitiba, frota de 450 caminhões e oitava maior do setor de cargas no ranking de Balanço Anual da Gazeta Mercantil. "Todas nossas filiais trabalharam intensamente", disse Fernando Simões, vice-presidente da Júlio Simões Transportes e Serviços, primeira colocada no mesmo ranking. "Crescemos 12% no volume de cargas sobre dezembro de 2005. No nosso caso, a demanda foi puxada principalmente pelo setor automotivo, que teve mais um ano de recorde de produção".
Com 60% do seu negócio voltado para a indústria automobilística, a Cargolift Logística e Transportes Ltda., de Curitiba, registrou crescimento de 20% no movimento em dezembro na comparação com o mesmo mês de 2005, segundo Charles Garcia, coordenador comercial. "Os últimos meses foram uma grata surpresa. As montadoras reforçaram a demanda para entrar 2007 com estoques elevados", diz. Com clientes como Volvo, General Motors e Renault e uma frota de 280 veículos próprios e agregados, a empresa espera um aumento de 25% para o início de 2007.
A Rodomodal Locações e Logística Ltda, com sede em Quatro Barras (PR), prevê manter em janeiro a média de 15% de crescimento verificada nos três últimos meses de 2006. "Geralmente outubro é um mês bastante aquecido e novembro e dezembro um pouco menos. Dessa vez, o movimento foi muito linear. Novembro foi superior a outubro e dezembro manteve níveis muito altos", afirma Eurydes Barcellos, diretor comercial da empresa. Ele atribui o desempenho ao aumento de consumo nos últimos meses. Com clientes como Arauco, Nestlé, Braskem, AmBev e Ipiranga Petroquímica, a empresa reviu sua projeção de crescimento. A previsão inicial de crescer 23% em 2006 foi superada e a empresa estima ter fechado o ano com faturamento de R$ 80 milhões, 25% superior a 2005. Para 2007, a meta de evolução de 35% foi reajustada para 37%. A empresa, que opera uma frota de 284 veículos próprios e 65 agregados, já planeja aumentar a frota de terceiros para 200 em 2007, por conta do aumento da demanda. "Esperamos que não seja uma bolha e que esse movimento se mantenha até fevereiro e março". Barcellos acredita que se o cenário positivo para o setor de transportes se confirmar para 2007, a expectativa é de um aumento da rentabilidade da atividade, que, segundo ele, trabalha com margem líquida de 4% a 6%. A meta da Rodomodal é chegar a uma frota de 300 caminhões próprios e de até 800 agregados em cinco anos. "A nossa limitação hoje não é ter recursos para ampliar a frota, mas achar mão-de-obra especializada", conta ele, que tinha na semana passada, seis caminhões parados à espera da contratação de motoristas.
Apesar do crescimento da demanda no final do ano, a Ouro Verde estima ter fechado 2006 com crescimento de cerca de 8%, abaixo dos 12% projetados no início do ano. O faturamento deve ter encerrado 2006 em R$ 220 milhões. "Não conseguimos compensar totalmente o primeiro semestre fraco", diz.
A expectativa da Ouro Verde para 2007 é de um crescimento de 12% nos negócios. "Acreditamos que a economia deve crescer mais", diz Helio Mathias. Para ele, o desempenho do setor nos primeiros dias de janeiro deve dar um termômetro se a "bolha" verificada em dezembro deve se manter para os primeiros meses do ano. "Temos planos de ampliação de frota, mas vai depender dos resultados no primeiro bimestre", afirma.
Apesar do ano ter se encerrado com cenário favorável, há dificuldades em reajustar os fretes. O aumento da procura, segundo Mathias, da Ouro Verde, teve reflexo apenas no preço do frete nos contratos spot, com reajustes de 10% a 15%.
Fonte: Gazeta Mercantil - 02 JAN 07
