Com dez vezes mais água armazenada do que o Sistema Cantareira, a Represa Billings deve ser utilizada para abastecer parte da população que enfrenta a crise hídrica em São Paulo, conforme informou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
A solução, no entanto, não resolve o problema emergencialmente, pois só ficará pronta em 2018.
A obra interligará o Rio Pequeno ao Sistema Rio Grande, ambos braços da Billings. Isto permitirá a entrada de 2,2 metros cúbicos de água por segundo (m3/s), atendendo áreas que dependiam do Cantareira, que chegou nessa terça-feira (20) a 5,6% da capacidade.
Atualmente, a maior parte do manancial da Billings é dedicada à geração de energia elétrica, por meio da Usina Henry Borden, em Cubatão. Com capacidade de armazenamento de 995 milhões m3, a represa está com 57,47%, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Embora tenha capacidade similar (982 milhões m3), o Cantareira registra quedas sucessivas e ameaça secar. Projeções do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) revelam que, caso não chova, isso pode ocorrer no início de junho.
“O projeto de interligação do Rio Pequeno com o Rio Grande é antigo. É muito bem-vindo que ele finalmente venha ocorrer”, declarou Marussia Whatley, coordenadora da Aliança pelas Águas. Formado em 2014, o grupo conta com mais de 20 entidades da sociedade civil e busca soluções para a crise hídrica em São Paulo.
A Sabesp informou que, atualmente, capta água da Billings para o Rio Grande e para Taquacetuba, somando 7,69 m3/s, volume que atende aproximadamente 2,3 milhões de pessoas.
“Avançar no uso da Billings como um manancial de abastecimento seria uma solução mais sustentável de cuidado com a água. Vamos recuperar uma represa que já existe, utilizar uma fonte de água ao lado da cidade e não gastar bilhões para construir novas represas em locais distantes e que, não necessariamente, trará os mesmos resultados no tempo que precisamos”, acrescentou Marussia.
Como primeira mudança para permitir o uso da Billings para abastecimento, a coordenadora sugere que a água do Rio Pinheiro deixe de ser bombeada para a represa.
“[Acabar com o bombeamento] não é coisa simples, porque precisaria estar integrado com a questão da drenagem e das enchentes, mas não é impossível".
Segundo Marussia, a represa tem características que facilitam sua recuperação, como a grande extensão (106,6 quilômetros quadrados) e o formato em curvas.
Para integrantes do grupo Aliança pela Água, a prioridade deve ser a formulação de um plano de contingência articulado entre os governos federal, estadual e municipal e a sociedade.
“Que ele esteja baseado nos diferentes cenários para 2015. Se as chuvas não forem suficientes? Quanto tempo temos de água? O que ocorreria depois que a água acabar? O que podemos fazer para reduzir o consumo e termos mais tempo de água? Um plano. Esta é a principal reivindicação neste momento”, declarou a coordenadora. Informações da Agência Brasil.