Quando pensamos em uma ilha, vêm à mente imagens de ilhas paradisíacas, com água cristalina, mata virgem e animais selvagens. No entanto, essas porções de terra rodeadas por água têm outra “vantagem”: é mais difícil chegar e sair delas. Claro que isso de nada serve aos viajantes, mas sim a quem precisa deter pessoas com comportamento antissocial, ou seja: quem constrói prisões em ilhas.
Conheça as mais famosas a seguir:
1- Alcatraz, sem dúvida, é a ilha mais famosa atualmente, seja pela fama de mais segura do mundo, por ter abrigado os criminosos mais perigosos dos Estados Unidos ou pelos filmes que reconstituem suas fugas espetaculares. Conhecida como Alcatraz ou A Rocha, a ilha está localizada no centro da baía de São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos. Foi um forte espanhol e prisão militar antes de se tornar prisão federal, de 1934 a 1964, quando foi fechada pelo presidente John F. Kennedy devido ao alto custo de manutenção – o triplo dos demais presídios do país. Em 1972, tornou-se parque nacional e recebe milhares de visitantes, que desejam conhecer a cela que abrigou, durante quatro anos e meio, o mafioso mais famoso de todos os tempos: Al Capone.
Fotos: Discovery Brasil
2- O arquipélago de Galápagos – são 13 ilhas –, localizado a 972 quilômetros da costa do Equador, é considerado um dos melhores destinos do mundo para o turismo ecológico. Patrimônio da Humanidade desde 1978 e inspiração para a Teoria da Evolução das Espécies, de Charles Darwin, Galápagos também já teve uma prisão. As “Ilhas Encantadas”, como são conhecidas desde o século 16 pela exuberância de sua flora e fauna, abrigaram uma colônia penal agrícola, que funcionava a céu aberto e abrigava criminosos de todo o Equador. Localizada na Ilha Isabela, a maior do arquipélago, foi fundada pelo presidente equatoriano José María Velasco Ibarra em 1946, depois da Segunda Guerra Mundial. Durante o conflito, a ilha serviu como base militar dos Estados Unidos. Na época, era um lugar isolado e inóspito, e apenas um punhado de cientistas reconhecia seu potencial. A prisão funcionou até 1959. As condições insalubres, a má administração, uma fuga em massa e o sequestro de um iate norte-americano anunciaram seu fim. Da prisão, hoje resta apenas o “Muro das Lágrimas”, construído pelos detentos com pedras vulcânicas de basalto.
3- Situada a 11 quilômetros da Guiana Francesa, esta ilha faz jus ao nome: um lugar desumano desde sua criação, em 1851, quando Napoleão III a transformou em prisão para todo tipo de criminosos, de assassinos a opositores políticos. Até seu fechamento, em 1938, abrigou mais de 80 mil prisioneiros, que tentavam escapar da ilha qualquer custo. As únicas saídas eram fugir de barco até chegar ao continente ou atravessar uma floresta impenetrável, que fez quase tantas vítimas quando a própria prisão. A crueldade dos guardas e as péssimas condições sanitárias foram descritas em obras como “O Anarquista”, de Clément Duval; “A Guilhotina Seca”, de René Belbenoit (livro censurado pelo governo francês) e “Papillon”, de Henri Charrière. Versão mais leve do livro de Belbenoit, “Papillon” ganhou uma versão cinematográfica em 1973, protagonizada por Steve McQueen e Dustin Hoffman. A prisão foi fechada em 1946 e a maioria dos detentos foi enviada para a França; o restante permaneceu na Guiana Francesa.
4- Localizada no Atlântico, a 2.800 quilômetros da costa de Angola, a ilha de Santa Helena foi descoberta pelos portugueses no século 16, que assim a batizaram em homenagem a Helena de Constantinopla. No entanto, pertence à Grã-Bretanha, que a colonizou expulsando os poucos holandeses que a habitavam. A ilha foi ponto estratégico de rotas comerciais até a abertura do canal de Suez, em 1869, facilitando a travessia de navios entre a Europa e a Ásia. Por seu isolamento extremo, os britânicos a consideraram um local ideal para a construção de uma prisão. Seu prisioneiro mais ilustre foi Napoleão Bonaparte, que permaneceu na ilha de 1815 até sua morte.
5- A Ilha de Gorgona se localiza a 35 quilômetros da costa colombiana do Pacífico. Foi descoberta por Diego de Almagro em 1524, que a chamou de São Felipe. Anos mais tarde, Francisco Pizarro mudou seu nome para Gorgona, em referência às górgonas da mitologia grega, devido à grande quantidade de serpentes que infestavam a ilha. Em 1959, o presidente colombiano Alberto Lleras Camargo ordenou a construção de uma prisão na ilha praticamente desabitada. De 1960 a 1983, a Penitenciária de Gorgona abrigou detentos de todo o país. Devido ao isolamento extremo, ficou conhecida como a Alcatraz colombiana, fincada entre o mar e a selva. Outra característica que a tornou famosa foram os incontáveis abusos sofridos pelos presos, em sua maioria, assassinos e estupradores. Eles dormiam em camas de tábuas, sem colchão, e o sanitário era um buraco no chão. Tanto os guardas como os detentos infligiam todo tipo de humilhações, e quando os maus-tratos não davam cabo da vida dos presos, as cobras venenosas e as doenças tropicais terminavam o serviço. Em 1984, a ilha foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
6- Felizmente, nem todas as ilhas acolhem prisões terríveis. Um exemplo é a ilha Bastoey, na Noruega, considerada a prisão mais “amigável” do mundo – ao menos, no que diz respeito ao meio ambiente. Seus painéis solares reduzem em 70% o consumo de energia elétrica, e os presos cultivam a própria comida em hortas. Quase tudo o que se consume é reciclado e as instalações visam reduzir as emissões de carbono. Os detentos também realizam atividades ao ar livre, como tênis, equitação e natação, quando as águas do Mar do Norte esquentam no verão. Um verdadeiro luxo!