Segue abaixo o texto na íntegra:
Entenda o preço para brasileiro otário do novo PlayStation 4
A indústria de games é a maior do mundo no que diz respeito a entretenimento. O Brasil é um mercado altamente promissor e interessado nela. O que atrapalha o avanço do mercado, consumidores, varejo e (por que não sonhar?) criadores e produtores de games no país? Vou tentar responder usando como exemplo o preço para os consumidores otários brasileiros do novo PS 4 da Sony: 4 mil reais!
Um parênteses. Game é assunto supérfluo de criança? Não e sim. Não: game não é assunto supérfluo. Pelo contrário. É linguagem sofisticada e eficiente de comunicação, usada em escolas que já deixaram a Idade Média, terra distante onde tristemente se situa a maior parte dos processos educativos brasileiros. Dois: sim, game é assunto de criança e portanto é um assunto sério. Fecho parênteses.
A Sony se diz “xatiada” de cobrar dos brasileiros R$ 3.999 pelo novo console (atenção para o número cabalístico com cara de liquidação, para esconder o inevitável 4 MIL!). Mark Stanley, responsável pela divisão PlayStation na América Latina, até abriu a planilha pra gente entender. Vamos tentar entender: o gráfico aponta que 63% dos 100% dos R$ 3.9999 são impostos. Ora, 63% de R$ 3.999 é R$ 2.519,37. Na conta da Sony deu R$ 2.524. Sou engenheiro formado na Poli, devo estar enferrujado… Mas vamos deixar essa pequena diferença de lado porque os números importantes da conta salgada não dependem de regra de três ou tabuada.
A Sony diz que pagou R$ 858 (equivalente a US$ 390) para trazer o PS 4 ao Brasil. Ora, curiosamente, este é o preço que eu pagaria se tomasse um avião e fosse até uma Best Buy em Miami. E mais, o gráfico diz que a margem de lucro do varejista brasileiro é 22%! Faça uma pesquisa você mesmo, caro frequentador de supermercados, feiras-livres e lojas de eletrodomésticos… Nos tempos enxutos que vivemos nem cambista de futebol pratica tal margem: 22%, dois patinhos na lagoa, Sony, fala sério!!!
Conclusão: é mais barato comprar um pacote Disney (numa busca rápida, encontrei um de três dias por R$ 1399, hotel e passagens, fora tickets), deixar de ver o Mickey e comprar o PS 4 (R$ 878). Total: R$ 2277, quase a metade do que voce vai pagar pelo PS 4 no Brasil!
O preço absurdo, para consumidor otário, do novo PlayStation no Brasil é uma oportunidade para entendermos porque o nosso país vive perdendo o trem da história. O jeito com que as coisas acontecem não diferem muito de quando eu era jovem e os primeiros computadores Apple surgiram aqui taxados a preços exorbitantes. O fato fez surgir duas indústrias paralelas tão inúteis quanto improdutivas: o contrabando e as empresas “nacionais” cuja arte se resumia a encaixotar produtos gringos nacionalizados na marra em troca de alguns favorezinhos. Recentemente, uma delas, a Gradiente, tentou deter na marra o direito exclusivo da marca “iPhone” no Brasil. Precisa dizer mais alguma coisa?
Precisa: se você não puder ir a Miami, dê um pulinho na loja da Épou (abaixo), quem sabe lá voce encontra o novo PS4 a preço justo.
Os tempos são velozes demais para brincadeira boba de adulto. Ou o Brasil se liberta dessa herança maldita – taxação e espertezas astronômicas – ou a herança maldita acaba de vez com o Brasil.
