O empresário e presidente do Conselho de Administração do grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, aposta em uma saída negociada para a queda de braço entre siderúrgicas que querem barreiras à importação de aço e montadoras e fabricantes de eletrodomésticos que reclamam dos preços abusivos da matéria-prima. Segundo Gerdau, os conflitos têm origem na “sobra terrível de aço no mundo”. “Tem de sentar na mesa e fazer negociação”, opinou o empresário. O governo federal recusou recentemente pedido do setor para adoção de tarifa antidumping de alguns tipos de matéria-prima.
“Os conflitos surgem pelo cenário internacional. A sobra de aço é terrível no mundo, chega a ser 20 vezes o consumo brasileiro”, atribuiu o empresário, que admite as reivindicações para adoção de medidas defensivas, mas espera que as saídas sejam “ponto a ponto”, de acordo com o tipo de matéria-prima. “Não existe uma palavra mágica para uma solução global, o que existe é que correções estruturais têm de ser feitas no País.”
O dirigente da companhia, que lidera as vendas do segmento de aços longos no mercado interno, destinados principalmente à construção civil, aponta componentes de custos externos à produção como determinantes para eventuais preços desproporcionais. “Precisa analisar porque existem os custos, que são impostos escondidos, como os que incidem sobre a folha de pagamento, a energia e a logística, que fazem com que os custos competitivos no Brasil fora da empresa sejam limitadores da competitividade”, detalhou o dirigente do aço. Gerdau apontou que a despesa para obter a matéria-prima chega a subir 20%, o que inclui ainda o custo do investimento.
“Pelo menos 20% da elevação está fora da competitividade. Os preços atuais estão quase nos níveis internacionais, não têm grande diferença”, advertiu. O empresário sustenta o argumento anterior lembrando que montadoras têm alternativas para reduzir custos na aquisição, recorrendo à compra externa de aço, usufruindo de incentivos fiscais. “A indústria automobilística sempre teve liberdade de drawback para importar na composição de produtos para exportação e nunca utilizou. Por quê? Porque era melhor comprar no Brasil”, deduziu o presidente do conselho da Gerdau.
A alta ociosidade das siderúrgicas, por outro lado, não deve comprometer os planos de ampliação da planta do grupo em Sapucaia do Sul, anunciada em novembro, com aporte de R$ 450 milhões até 2015, quando deve ser dada a largada na nova capacidade. “A Usina Rio-Grandense está muito voltada à construção civil, que não é o caso dos aços planos, alvo dos conflitos. A decisão não foi feita em cima desse quadro, foi estratégica”, tranquilizou. Segundo o empresário gaúcho, o desempenho do setor de cimento, cujas estatísticas validariam o crescimento da demanda, são o melhor indicador de aquecimento.
Fonte: Jornal do Comércio