Quarta, 15 Janeiro 2025

por Celso Lungaretti, no Consciencia.net

Teoricamente, o BNDES é uma empresa pública federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que tem como objetivo apoiar empreendimentos capazes de contribuir para o desenvolvimento do Brasil.

De sua ação deveriam resultar a melhora da competitividade da economia brasileira e a elevação da qualidade de vida da sua população.

Só que, conforme o bordão do Joelmir Beting, na prática a teoria é outra.

Eis que o BNDES, por meio de seu braço de investimento (BNDESPar), comprometeu-se a aportar R$ 3,91 bilhões (85% DO MONTANTE TOTAL DA TRANSAÇÃO!!!) para viabilizar a compra das operações do Carrefour no Brasil por parte do empresário Abílio Diniz.

A justificativa retórica é que a incorporação do Carrefour pelo Pão de Açúcar criará um “campeão nacional” do varejo supermercadista.

E daí? Desde quando o avanço da monopolização de um setor da economia conduz ao “desenvolvimento do Brasil”, à “melhora da competitividade da economia brasileira” e à “elevação da qualidade de vida da sua população”?

Muito pelo contrário. Mal foi anunciado o negócio, os bem informados já cantaram a bola:

* perderão os fornecedores, que vão ter seu poder de barganha reduzido;

* perderão os consumidores, pois o gigante varejista imporá seus preços a bel prazer, sem a pressão de concorrentes à altura; e

* perderão os funcionários, pois muitas lojas serão fechadas e muitas atividades concentradas, daí resultando os inevitáveis passaralhos.

Quem ganhará? Os de sempre: os bilionários que comandam as empresas e os (geralmente) bilionários ou milionários que nelas investem. Previsivelmente, as ações do Pão de Açúcar valorizaram, de imediato, 12,6%.

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