por Celso Lungaretti, no Consciencia.net
Teoricamente, o BNDES é uma empresa pública federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que tem como objetivo apoiar empreendimentos capazes de contribuir para o desenvolvimento do Brasil.
De sua ação deveriam resultar a melhora da competitividade da economia brasileira e a elevação da qualidade de vida da sua população.
Só que, conforme o bordão do Joelmir Beting, na prática a teoria é outra.
Eis que o BNDES, por meio de seu braço de investimento (BNDESPar), comprometeu-se a aportar R$ 3,91 bilhões (85% DO MONTANTE TOTAL DA TRANSAÇÃO!!!) para viabilizar a compra das operações do Carrefour no Brasil por parte do empresário Abílio Diniz.
A justificativa retórica é que a incorporação do Carrefour pelo Pão de Açúcar criará um “campeão nacional” do varejo supermercadista.
E daí? Desde quando o avanço da monopolização de um setor da economia conduz ao “desenvolvimento do Brasil”, à “melhora da competitividade da economia brasileira” e à “elevação da qualidade de vida da sua população”?
Muito pelo contrário. Mal foi anunciado o negócio, os bem informados já cantaram a bola:
* perderão os fornecedores, que vão ter seu poder de barganha reduzido;
* perderão os consumidores, pois o gigante varejista imporá seus preços a bel prazer, sem a pressão de concorrentes à altura; e
* perderão os funcionários, pois muitas lojas serão fechadas e muitas atividades concentradas, daí resultando os inevitáveis passaralhos.
Quem ganhará? Os de sempre: os bilionários que comandam as empresas e os (geralmente) bilionários ou milionários que nelas investem. Previsivelmente, as ações do Pão de Açúcar valorizaram, de imediato, 12,6%.