Segunda, 19 Mai 2025

Tomislav R. Femenick  - Autor do livro “Para Aprender Economia”

Admiro a criatividade das pessoas. Admiro mais ainda quando essa competência é de nível alto. Um dos leitores desse espaço semanal mandou-me um e-mail pedindo que explicasse, sem falar economês, “uma coisa simples: O que é economia?”, no dizer dele. O mesmo e-mail que enviou para mim foi encaminhado para alguns de seus amigos, por sua vez, o reenviaram para outros e assim criaram uma corrente que resultou no congestionamento de minha caixa portal. Uma torrente que não dava para contar ou conter.

Para responder a essa pergunta, primeiro é necessários compreender que a economia é uma ciência, e que ciência é um conjunto de conhecimentos sobre determinados objetos ou fenômenos, obtidos mediante a observação e a experiência, agrupados segundo certos critérios e com uma metodologia específica. A indagação do título seria uma interrogação melhor se perguntasse o que estuda a ciência da economia. A resposta mais dita e reproduzida com algumas alterações que não afetam o sentido geral, é que “as ciências econômicas estudam como melhor usar os fatores de produção, que sempre são escassos, para atender as necessidades de bens e serviços pela sociedade, necessidades essas que sempre são crescentes”.

A economia, como as outras ciências, tem sua terminologia própria. Então precisamos perceber, mesmo que seja de forma simplificada, o significado de alguns dos termos usados na definição. Fatores de produção são os recursos de que a sociedade dispõe. Escassez é a característica de um bem ou serviço, cuja quantidade existente no mercado é inferior àquela desejado pela sociedade. Sociedade é o conjunto dos agentes econômicos: pessoas, empresas e governo.

Por que ciências (plural) e não ciência (singular)? Há dois aspectos que justificam essa pluralização. Primeiro, o estudo da economia envolve saberes de diversas ciências, tais como matemáticas, estatística, sociologia, política, história e outras mais. Depois, por ser uma das chamadas ciências sociais e não exata, comporta em seu seio interpretações e teorias diferentes sobre um mesmo conjunto de fenômenos, isso é, as ciências econômicas exprimem a probabilidade da existência de mais de uma forma de percepção, pelos sentidos ou pela consciência, sobre a prática, ação ou reflexo de um mesmo fenômeno. Por isso é que há teorias antagônicas de renomados economistas sobre moeda, câmbio, inflação, juros, contas públicas, importância e comportamento do mercado, estatização e privatização etc.

Todavia as ciências econômicas não se limitam ao campo eminentemente teórico. Elas também estudam as práticas econômicas, que consistem nas relações de produção, distribuição e consumo de bens e serviços de que a sociedade carece, bem como analisam e evidenciam os problemas sociais resultantes e reflexos do comportamento da economia na sociedade: a oferta e a procura de bens e serviços, o custo de vida, os índices de desenvolvimento. Por exemplo, o IDH-Índice de Desenvolvimento Humano, medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento socioeconômico. No campo do desenvolvimento e do bem-estar, estuda e projeta os índices de crescimento econômico, tais como o PIB-Produto Interno Bruto, o IPC-Índice de Preço ao Consumidor, a renda per capital, as taxas de juros etc.

 Para realizar essas tarefas (que são apenas algumas delas), as ciências econômicas se subdividem em duas grandes linhas de atuação. A microeconomia, que estuda os comportamentos dos agentes econômicos, isto é, as relações dos produtores e consumidores de bens e serviços, bem como a produção e distribuição desses mesmos itens. Por sua vez, a macroeconomia estuda a economia como um todo, visando explicar ou orientar a formação da produção e da renda nacionais, as flutuações das taxas de desemprego e de inflação, as políticas fiscal, monetária e cambial.

Embora linhas separadas de uma mesma matéria, esses dois segmentos sempre interagiram entre si. Todavia a nova realidade, a mundialização das relações econômicas, suas causas e efeitos, têm provocado uma ação mútua cada vez maior e mais estreita, uma interdependência constante entre prospecções, análises, projetos e interpretações da micro e macroeconomia. E por que isso? Vejamos como exemplo prático alguns elementos da microeconomia chinesa: a forma como um produto, digamos uma camisa, é manufaturado na China (a tecnologia utilizada), seus custos (matérias-primas, tributos, salários) e outros fatores. Quando importada pelo Brasil, essa camisa se torna ao mesmo tempo elemento de microeconomia brasileira (preço, oferta e procura) e objeto da nossa macroeconomia (cambio, balança de pagamento, consumo etc.).

Fonte: Tribuna do Norte

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