Quarta, 15 Janeiro 2025
O bom momento que vive a economia pernambucana e as perspectivas de crescimento do Estado enfrentam um sério gargalo: a falta de qualificação da mão de obra. O impacto da baixa oferta de trabalhadores qualificados é um dos temas que está sendo analisado pela 11ª Pesquisa Empresas & Empresários (E&E), que projeta cenários no Estado para os próximos 25 anos e é realizada pela TGI Consultoria em Gestão e Instituto da Gestão (INTG), em parceria com a Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan) e Multivisão.

Na edição anterior da pesquisa, feita em 2008, o apagão da mão de obra foi um fenômeno observado praticamente em todos os dez setores econômicos investigados. “Sem pessoal qualificado, Pernambuco não vai aproveitar todo o potencial do atual momento econômico”, alerta o coordenador-geral da pesquisa e sócio da TGI, Ricardo de Almeida. Preocupação que é compartilhada pelo consultor da Multivisão, Sérgio Buarque, ao ressaltar que o problema desestimula até a instalação de empreendimentos no Estado. “As empresas não querem qualificar mão de obra ou importar profissionais de outras regiões, porque isso tem um custo”, explica Buarque. Ele também atenta para a possibilidade de a população local não participar dos benefícios proporcionados pelos projetos estruturadores. “Os trabalhadores pernambucanos podem não ser absorvidos ou serem empregados em etapas que exigem menor qualificação, consequentemente menor remuneração”, aponta o consultor.

Este apagão da mão de obra, aliado a problemas verificados nas áreas de infraestrutura, logística e ausência de investimentos em inovação e pesquisa, pode, na projeção de Buarque, frear o ritmo de crescimento do Estado. “Se não solucionarmos esses déficits, a economia pode terminar não crescendo 6% ao ano, como tem sido projetado. Não solucionar esses problemas pode levar ao estrangulamento do crescimento econômico”, adverte.

ENGENHEIROS

O problema é perceptível na demanda por engenheiros para atuar nos empreendimentos estruturadores que chegam ao Estado. “Faltam engenheiros ferroviários, apesar das demandas da Transnordestina. Também é preciso hidráulicos e agrônomos para a Bacia do São Francisco”, enumera o presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-PE), José Mário Cavalcanti, que também é professor de engenharia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE).

Essa situação, de acordo com o presidente do Crea-PE, é consequência do período de estagnação econômica verificada na década de 90, quando engenheiros migraram para outras áreas. Fato também ressaltado pelo presidente do Clube de Engenharia de Pernambuco, Alexandre Santos. “Engenheiros como os ferroviários, começaram a atuar em áreas que não são de sua formação, como o setor administrativo.”

Sem um contingente profissional suficiente para ocupar as vagas, obras como as do Complexo de Suape, por exemplo, chegam a importar trabalhadores. Dados do Crea-PE mostram que, do total de 2.801 profissionais de nível superior e técnico registrados na entidade no ano passado, 1.379 eram provenientes de outros Estados e 75, estrangeiros. Para o coordenador da Faculdade Pernambucana de Saúde (FBV-Imip), Gilliatt Falbo, a vinda de capital humano é inevitável neste primeiro momento. “A velocidade com que as coisas acontecem exige a importação de profissionais qualificados. Mesmo que não fosse necessário importar, esses profissionais viriam porque há oportunidades”, considera. A consultora Tânia Bacelar, sócia da Ceplan, concorda com Falbo, mas salienta a necessidade de formação dos profissionais locais. “No início, é necessário importar parte dos professores e da mão de obra para, num segundo momento, formar trabalhadores do próprio Estado.”

O vice-presidente do Sindicato da Indústria de Metal Mecânica de Pernambuco (Simmepe), Alexandre Valença, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, vai além e defende a ida de estudantes a instituições de ensino no exterior para melhor qualificá-los. “Da mesma maneira que vamos buscar pessoal qualificado, deveríamos enviar alunos para outros países, para estagiar e estudar.”

UNIVERSIDADE

Para resolver o déficit de profissionais de nível superior, universidades vem realizando algumas ações. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) investe em parcerias com o governo do Estado, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e empresas privadas para viabilizar a criação de cursos e especializações. “A primeira turma de engenharia naval vai estudar um período na Universidade de São Paulo, enquanto nossos laboratórios são construídos. Através de parceria com a Petrobras, também vamos construir o laboratório integrado de tecnologia de petróleo, gás, naval e offshore. Estamos negociando com outros países a contratação de professores para a pós-graduação em gestão de portos, carente de profissionais em todo o País”, informa o reitor Amaro Lins.

As instituições de ensino também apostam na interiorização e inauguram câmpus no interior e cursos de Educação a Distância (EAD). A Universidade de Pernambuco conta com de dez polos de EAD, que vão de Surubim até Fernando de Noronha.

Fonte: Jornal do Commercio

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

Deixe sua opinião! Comente!