O grande desafio dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, é anunciar um detalhamento que dê credibilidade ao corte. Há muito ceticismo em relação ao enxugamento de gastos porque o governo anunciou que não sacrificaria investimentos nem programas sociais. Isso limitaria as tesouradas aos gastos de custeio, mas nesse grupo de despesas a margem de manobra é pequena.
Estudo elaborado pelo economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que os gastos de custeio não relacionados à área social são de R$ 53 bilhões. Ou seja, se os R$ 50 bilhões fossem cortados apenas no custeio, não sobraria praticamente nada para o governo gastar em passagens aéreas, material de consumo ou manutenção de estradas.
A tendência, segundo indicam integrantes do governo, é que o corte anunciado seja um e o realizado, outro. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, sairá ileso no detalhamento a ser anunciado hoje. Isso não significa, porém, que tudo o que está previsto será gasto no programa. A informação nos bastidores é que os projetos ainda não iniciados serão colocados em compasso de espera e alguns que estão em andamento terão ritmo mais lento. Será uma espécie de “corte branco”, que ocorrerá sem ser anunciado.
De fato, os ministérios responsáveis pelo PAC ainda não começaram a gastar suas verbas neste ano. Tudo o que desembolsaram até agora foi para pagar despesas pendentes de 2010. As despesas programadas para 2011 ainda não cumpriram nem a primeira etapa, chamada empenho, que consiste em reservar o dinheiro para pagar um determinado produto ou serviço. “O ajuste fiscal já está ocorrendo”, disse o economista Bráulio Borges, da consultoria LCA.
Fonte: Jornal do Commercio