Quinta, 16 Janeiro 2025

Operários demitidos do Consórcio Conest - formado pelas empresas Odebrecht e OAS - estão encontrando portas fechadas no mercado de trabalho. Empreiteiras com contratos no Complexo de Suape estão rejeitando profissionais que passaram pelo consórcio, vinculando os trabalhadores aos conflitos no canteiro da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), que paralisaram as obras do empreendimento por 15 dias. Ontem, depois de uma assembleia em frente a uma das portarias do empreendimento, os funcionários concordaram em voltar ao trabalho, aceitando o acordo assinado entre comissão de trabalhadores e Conest, em audiência no Ministério Público do Trabalho (MPT), na quarta-feira passada.

“Quem sair da Conest vai ficar fora do mercado de trabalho por um bom tempo. Sou um pai de família, tenho dois filhos para sustentar e não sei mais o que fazer. Duas empresas estavam precisando de mão de obra urgente. Fiz todos os teste e já tinha até recebido a farda do consórcio, mas quando entreguei minha carteira para assinar e viram que eu já tinha passado pelo Conest, falaram que meu currículo era ótimo, mas não estavam mais precisando de pessoal”, lamenta o ferreiro-armador Clarício Moreno dos Santos, de 37 anos. A queixa do operário, repetida por muitos outros, é um dos 13 itens da pauta de reivindicação, que será detalhada e entregue hoje ao MPT. Um dos pleitos é que seja eliminada essa chamada “lista suja”, que atrapalha a recolocação dos profissionais no mercado de trabalho, mesmo para quem não foi demitido por justa causa.

“No meu caso tenho como provar que não participei do movimento grevista, porque saí do Conest bem antes da greve. Mas isso não está sendo levado em consideração. Basta ter o carimbo no consórcio na carteira para ser excluído”, completa Santos, contando que chorou quando recebeu negativas de duas empresas. “Não cheguei a usar nem a farda, que ficou guardada no meu armário”, lembra.

Ontem, o clima foi de ansiedade na chegada dos trabalhadores do Conest para mais uma assembleia na obra da refinaria. Antes de ouvir os representantes da comissão, muitos operários recusavam a volta ao trabalho. Por volta das 7h, o vice-presidente da Confederação dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada, Adalberto Galvão, deu início à assembleia. Discursando no carro de som foi ouvido com atenção por centenas de trabalhadores. Apesar de não chegar com uma solução definitiva, como muitos esperavam, destacou que os operários voltavam vitoriosos por terem conseguido abrir um canal de negociação com o Conest e por ter evitado que o Tribunal Regional do Trabalho julgasse a legalidade da greve na próxima terça-feira. Citando Lênin (líder da Revolução Russa de 1917), disse que “é importante dar um passo atrás para reacumular forças e vencer o inimigo” e convenceu os operários a votar pelo fim da greve. Na próxima quarta-feira será realizada a primeira mesa de negociação entre patrões e empregados, numa maratona que se estenderá por 30 dias. Se a negociação não avançar, os trabalhadores prometem, dessa vez, parar todas as obras de Suape.

Fonte: Jornal do Commercio

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

Deixe sua opinião! Comente!